O prolongamento do estado de emergência – e mais apertado do que até agora – não anima nem empresários, nem sindicatos. As nuvens negras provocadas pela tempestade Covid-19 mantêm-se sobre Portugal.
No comércio e serviços, o balanço é igualmente negro. Não há números fechados, mas nas contas de João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio Português, “o prejuízo teórico – se toda a gente tivesse fechado logo no princípio do mês de março, o que não aconteceu – o prejuízo seria superior a 130 milhões de Euros por dia.”
E se até agora o comércio não viveu bons dias, em contraste com os últimos meses, de consumo impulsionado pelo turismo, o mês de abril será preocupante.
João Vieira Lopes não poupa nas palavras e afirma que “vai ser dramático, porque não vai haver receitas, tudo o que tenha a ver com ‘lay-off’ obriga, mesmo assim a um alto investimento em salários e a segurança social só reembolsa ao fim de 30 dias a parte que compete ao Estado. E há ainda o problema grave que tem a ver com os pequenos estabelecimentos e os gerentes que não são cobertos”.
Noutra área, a Confederação da Agricultura de Portugal, a CAP, a que pertence Luis Mira, os dias são igualmente duros. Mas vão ser piores, uma vez que se “há sectores que já foram afetados, como as flores, os queijos de cabra e ovelha, já começa a existir uma quebra nas encomendas de vinhos, começam a não ser vender carnes das raças autóctones, e os maiores problemas vão surgir nas próximas semanas ou dentro de um ou dois meses, porque há uma quebra no consumo proveniente do fecho de restaurante e hotéis, e não há turistas”.
A Renascença tentou ouvoir também a Confederação do Turismo sobre o atual momento do país, mas tal não foi possível. Ainda assim, tendo em conta o que foi já dito, tendo em conta as proibições na circulação, restauração e hotelaria, é bem de ver que o diagnóstico e as perspetivas serão semelhantes.
