O secretário-geral do PCP disse hoje que não foi por falta de água que os agricultores não semearam, mas sim pela incapacidade do Governo de definir apoios claros e preços justos à produção.
Paulo Raimundo que falava aos militantes no pavilhão do PCP na Feira de Agosto de Grândola, no distrito de Setúbal, fez assim referência aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativo à colheita de cereais.
Segundo o INE, a colheita de cereais para grão foi a pior de sempre para todas as espécies, num ano agrícola novamente marcado pela seca que atinge 96,9% do território do continente.
O dirigente comunista referiu que a seca é de facto em si mesmo um problema, “mas a verdade é que a área semeada, isso sim, foi uma das menores de sempre”.
“Os agricultores não semearam, não foi por causa da seca, foi, isso sim, pelos elevadíssimos custos de produção, dos combustíveis, dos adubos, dos pesticidas, foi, isso sim, pela incapacidade do Governo de definir apoios claros e preços justos à produção”, frisou Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP criticou também os restantes partidos políticos por terem rejeitado propostas comunistas para dar resposta ao grande problema da seca.
“A seca é de facto em si mesmo um problema que não se quer enfrentar e tem as costas largas”, disse Raimundo, considerando que em Portugal existe não um conflito institucional como foi falado relativamente ao veto presidencial ao pacote da habitação, mas sim um conflito social e económico, entre a produção nacional, o défice alimentar e a incapacidade de lhe dar resposta.
Um desses conflitos diários, referiu, é dos que face ao aumento dos juros das prestações e do valor das rendas, “tudo fazem, de tudo se privam para aguentar o seu maior bem, o seu lar, a sua casa, ao mesmo tempo que a banca encaixa por dia 11 milhões de euros de lucros”, assim como o da falta de médicos como acontece no concelho de Grândola, por exemplo.
As soluções, advogou, para os conflitos que são travados e os problemas, passam por aumentar salários e pensões, garantir direitos laborais, contratos efetivos e horários regulados, fixar os preços de bens essenciais, nomeadamente dos alimentos.
No que respeita à habitação, Paulo Raimundo defende um aumento da oferta pública, a criação de uma moratória, por um período de dois anos, tal como existiu durante a pandemia, e fixação de um ‘spread’ de 0,25% pela Caixa Geral de Depósitos.
“Solução é pôr os lucros da banca a suportar os aumentos das taxas de juro. Solução é aumentar o investimento nos serviços públicos, nomeadamente na saúde e na educação e responder às justíssimas reivindicações dos seus profissionais que tanto fazem pela causa pública”, disse.
Estas soluções, frisou, não servem aos grupos económicos nem aos seus instrumentos políticos de serviço, mas servem aos trabalhadores, ao povo e ao país.