A descarbonização deverá também passar pela recolha do carbono que seja libertado na atmosfera. Tem existido um forte impulso para estas tecnologias, mas ainda muito insuficiente para as necessidades.
A captura de carbono, para ser utilizado ou armazenado, faz parte do “mapa” para a descarbonização do setor energético que foi desenhado pela Agência Internacional de Energia. Todos os anos, esta agência faz a avaliação dos esforços para redução de emissões em várias áreas do setor, e no caso da captura e utilização de carbono “são necessários mais esforços”, aponta. Já o transporte e armazenamento de carbono está realmente desencontrado do caminho para a neutralidade carbónica, que se almeja alcançar em 2050, assinala.
Os cientistas veem a remoção de carbono como uma forma, por um lado, de reduzir as emissões históricas que se foram acumulando na atmosfera; por outro lado, pode ser a solução para atividades que não consigam eletrificar-se ou recorrer a outras energias renováveis para funcionarem. Existem duas correntes principais na remoção de carbono, segundo a Bloomberg: a primeira opção implica recolher o dióxido de carbono ao mesmo tempo que este é emitido por uma fonte de poluição, enquanto a segunda suga o carbono quando este já foi libertado na atmosfera.
Os autores de um estudo que junta a Universidade de Oxford e o Instituto Alemão dos Negócios Estrangeiros e Segurança, citado pela Bloomberg, estão convictos de que as tecnologias de captura, ou seja, as tecnologias que complementam os métodos de captura naturais – como florestas – são “cruciais” para se alcançarem os objetivos climáticos, e é preciso implementá-las “muito rapidamente”.
Mesmo com o número de projetos de captura no terreno a atingirem um nível recorde em 2022, estes só deverão mitigar menos de 1% das emissões anuais de CO2, indica o mesmo estudo, que estima também que a remoção de emissões poluentes da atmosfera, para alcançar a neutralidade carbónica, deverá ser multiplicada pelo menos por 30 até 2030 e por 1300 até 2050.
Em oposição, os mais críticos defendem que estas tecnologias servem como distração para a verdadeira ação climática, servindo sobretudo para estender a vida do negócio dos combustíveis fósseis.
De acordo com a AIE, os benefícios climáticos associados a determinado uso de CO2 dependem da fonte desse carbono, da intensidade carbónica da energia usada nos processos e de quanto tempo o CO2 se mantém retido no produto a que dá origem. Combustíveis e químicos retêm o CO2 entre 1 a 10 anos, respetivamente.
A captura de carbono pode ter como objetivo a utilização deste […]