O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Moçambique defendeu hoje que a investigação científica no agro-processamento deve responder às necessidades do país reduzindo, sobretudo, a dependência das importações.
“A pesquisa deve ser orientada para resultados que contribuam diretamente para o desenvolvimento socioeconómico das nossas comunidades”, defendeu Daniel Nivagara, durante a abertura do seminário nacional de divulgação de inovações e tecnologias de agro-processamento, que decorre em Maputo.
O governante pediu aos cientistas e académicos do país para continuarem a “explorar novas fronteiras de conhecimento” com foco na sua praticidade e novas descobertas e sugeriu a criação de políticas públicas que incentivam o “empreendedorismo inovador” para a transformação das comunidades.
“Acreditamos, firmemente, que as inovações podem revolucionar o setor de agro-processamento, reduzindo a dependência às importações, aumentando a capacidade do país em suprir as suas próprias necessidades alimentares, gerando oportunidades de emprego e renda para as comunidades”, frisou.
Por seu turno, o presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valor de Moçambique (BVM), Salimo Valá, um dos oradores no seminário e que abordou o tema sobre investimentos na indústria do agro-processamento, pediu ao executivo moçambicano para investir na criação de instituições de aprendizagem de ciências, tecnologias e inovação, visando o desenvolvimento do país.
“Temos que investir a sério na capacitação de recursos humanos, investir na educação em ciência, tecnologia e inovação e investir em infraestruturas, incluindo as institucionais (…). Temos que disseminar por todo o país parques tecnológicos, centro de inovações, incubadoras de empresas e fundos de capitais de risco para financiar projetos ousados de inovação”, apelou.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, admitiu, em 15 de maio, que o país tem de passar a exigir a transformação local das matérias-primas, para reduzir as importações e contrair apenas algum processamento local de produtos importados inacabados.
“É chegado o momento de começarmos a pensar grande. Até podemos, naquilo que sabemos fazer, dizer ‘isso já não sai de Moçambique, transformam aqui’. Podemos fazer isso”, afirmou Nyusi, no discurso de abertura da XIX Conferência Anual do Setor Privado, em Maputo.
Moçambique melhorou em quase 21% o défice de balança comercial no primeiro trimestre, que reduziu para 646,4 milhões de dólares (597 milhões de euros), de acordo com o relatório do banco central sobre a balança de pagamentos.
Segundo o documento do Banco de Moçambique, os dados preliminares indicam que a economia moçambicana “reduziu a procura pela poupança externa para financiar as suas necessidades de consumo e investimento” em 16,9% no primeiro trimestre, tendo o saldo conjunto das contas corrente e de capital ascendido a 628 milhões de dólares (580,1 milhões de euros).
“Este resultado deveu-se, por um lado, à contração do défice da conta corrente, em 20,8%, fixando-se em 646,4 milhões de dólares [597,1 milhões de euros], e por outro à diminuição do saldo superavitário da conta capital em 69,7%”, acrescentou.