O presidente da concelhia de Castelo Branco do PS, Leopoldo Rodrigues, afirmou hoje que “não aceita” a concretização de qualquer projeto de regadio que ponha em causa o fornecimento de água para consumo humano no concelho.
O presidente do PS e também da Câmara Municipal de Castelo Branco afirmou hoje, em conferência de imprensa, que desde a campanha eleitoral de 2021 “é clara e conhecida a posição do PS relativamente a este assunto [Regadio Gardunha Sul]”.
“Quando se fala do projeto do Regadio da Gardunha Sul temos de ser honestos com os albicastrenses, sem vender ilusões ou esconder os perigos, é isso que nós sempre fizemos e vamos continuar a fazer”, frisou.
Segundo o autarca socialista, os pais deste projeto têm nome e têm a sua impressão digital neste acordo.
“Este é um negócio entre o senhor vereador Luís Correia e o senhor Presidente da Câmara Municipal do Fundão, Paulo Fernandes, que não foi levado a discussão à Assembleia Municipal ou ao executivo municipal de Castelo Branco”, sintetizou.
Leopoldo Rodrigues sublinhou ainda que o PS “não aceita em nenhuma circunstância a concretização de qualquer projeto de regadio que ponha em causa o fornecimento de água para consumo humano no concelho de Castelo Branco e ainda nos concelhos de Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão”.
O presidente do município de Castelo Branco afirmou ainda que “é absolutamente incompreensível” que o vereador Luís Correia (do Sempre – Movimento Independente) queira agora “aparecer como imaculado, tentando descaradamente passar as culpas para o PS, de que se alimentou ao longo de muitos anos”, e para “o executivo municipal, do problema que ele próprio criou”.
“Como pode um negócio com tanto risco para Castelo Branco e tão vantajoso para outros ter sido assinado, e ser ainda hoje defendido, pelo vereador Luís Correia? Não sabemos, mas não aceitamos pôr em causa o fornecimento de água aos albicastrenses com esta leviandade”, sustentou.
O autarca do PS disse ainda que há algumas dúvidas que se impõem, nomeadamente uma justificação para que o projeto preveja 1.982,5 hectares de área de regadio, ligeiramente abaixo do limite de 2.000 hectares, que obriga à realização de estudo de impacto ambiental.
“De que têm medo o senhor vereador Luís Correia e o senhor presidente da Câmara Municipal do Fundão, Paulo Fernandes, para fugir à avaliação ambiental do projeto que propõem? De que teve medo o senhor vereador Luís Correia para não ter levado a conhecimento e a discussão à Assembleia Municipal e à Câmara Municipal este projeto de regadio”, questionou.
Leopoldo Rodrigues recordou o fecho das torneiras e o racionamento da água a que os albicastrenses estiveram sujeitos na década de 80 do século passado.
E voltou a questionar: “Pensam os pais deste projeto que os albicastrenses não se importam de voltar a esse tempo? Ou nem sequer pensaram nos albicastrenses? Tiveram os pais deste projeto em conta aquilo que são as previsões das alterações climáticas e as suas consequências para o futuro?”.
O autarca disse entender que num futuro ambientalmente ameaçado e climaticamente incerto “não se pode brincar com a água de que se precisa para viver”.
Para além destas questões, Leopoldo Rodrigues salientou também que importa ter em atenção o custo da execução deste projeto.
“Estão os autores do mesmo em condições de garantir, sem margem para dúvida, que o financiamento aprovado cobre os custos associados a ele? Ou, caso assim não seja, está o senhor vereador Luís Correia disponível para imputar aos albicastrenses o custo de um projeto de regadio em que, na prática, estes pagariam para ficar sem a água que lhes dá vida”, questionou.
Leopoldo Rodrigues prometeu resolver esta questão em proveito de todos, mas sem pôr em causa os interesses dos albicastrenses.
“O Partido Socialista vem hoje aqui afirmar, de forma inequívoca, que será intransigente na salvaguarda da água para consumo dos albicastrenses, e não será nunca cúmplice de quaisquer outros objetivos”, concluiu.