Caudais mínimos diários não são suficientes
A ZERO sublinha que, embora o fim dos “dias de caudal zero” no rio Tejo seja um progresso positivo, a definição de caudais mínimos diários não é suficiente para garantir a saúde dos ecossistemas fluviais. Para uma gestão verdadeiramente sustentável, o acordo terá de basear-se em critérios robustos, com caudais adaptados às dinâmicas naturais dos rios. É necessário assegurar que a água libertada seja suficiente não apenas em quantidade, mas também em termos de qualidade e variabilidade ao longo do tempo, garantindo a sobrevivência das espécies e habitats dependentes. Além disso, a ZERO considera essencial que os resultados do acordo sejam monitorizados por uma entidade independente e que os dados resultantes sejam divulgados regularmente e de fácil acesso ao público.
Acordo deve ser mais abrangente e incluir restantes rios transfronteiriços
A limitação do acordo aos rios Tejo e Guadiana é insuficiente, uma vez que outros rios transfronteiriços, como o Douro e o Minho, também sofrem pressões significativas devido aos impactes das alterações climáticas. A ZERO apela à definição de um acordo mais amplo, que inclua todos os cursos de água partilhados entre Portugal e Espanha, assegurando uma gestão integrada e coordenada dos recursos hídricos. Esta abordagem permitiria uma alocação mais justa e sustentável da água, garantindo a resiliência dos ecossistemas aquáticos e respeitando os compromissos ambientais assumidos por ambos os países.
Relançamento dos serviços ferroviários Lisboa-Madrid
É fundamental o lançamento de serviços diurnos competitivos e o relançamento de serviços noturnos, entre eles o de Lisboa a Madrid. Deve também promover-se a existência de um sistema de aquisição de bilhetes de comboio que permita de forma fácil e amigável viajar com um título único de transporte entre destinos ibéricos e aproveitando a nova linha Évora e Caia. É realmente crucial tornar os serviços ferroviários ibéricos mais atrativos no curto prazo e promover o turismo sustentável que deve ser prioridade dos dois Estados e das respetivas entidades gestoras de um dos setores mais importantes para as duas economias e com maiores impactes ambientais. É incompreensível que existam programas de incentivos para promover a acessibilidade aérea de várias cidades ibéricas e o mesmo não aconteça, de forma ainda mais justificada em relação à acessibilidade ferroviária.
Aposta na eletrificação e uso de hidrogénio verde para a reindustrialização da Península Ibérica em vez do projeto Ineficiente e caro do H2Med?
Dada a existência de um Mercado Ibérico de Eletricidade impõe-se um elevado nível de cooperação no planeamento do reforço das redes de transporte de eletricidade e também na coordenação das estratégias para o armazenamento de eletricidade que permitam fazer face à urgente necessidade de eletrificação de uma parte importante da indústria. A descarbonização do sistema elétrico ibérico é crítica para uma maior competitividade da região, tirando assim partido do potencial renovável. A necessidade de os dois países assumirem o objetivo comum de descarbonizar os seus sistemas elétricos para a atração de investimento industrial, foi também apontada esta semana pelo Grupo Espanhol de Crescimento Verde, que representa 40% do índice IBEX da bolsa de Madrid. A construção de economia livre de combustíveis fósseis não dispensa, no entanto, o uso de Hidrogénio Verde que deve ser usado com parcimónia, sempre que a eletrificação não é viável em certas indústrias. A ZERO apela a que os dois governos reavaliem a sua participação no ineficiente e caro gasoduto H2Med e dêem prioridade à produção para utilização local de Hidrogénio Verde, minimizando impactes ambientais e fazendo da península um local propício para o estabelecimento de uma indústria europeia mais competitiva, utilizando recursos renováveis e reduzindo o seu impacto no clima e na biodiversidade.
Mundial 2030 com comboios em vez de avões na península ibérica
A realização do Mundial de futebol em Portugal, Espanha e Marrocos é uma grande oportunidade para os dois países desenvolverem uma verdadeira rede ibérica de serviços ferroviários ligando as principais cidades com um conjunto de servos diurnos, noturnos e mistos. A ZERO, com os seus parceiros da Aliança Ibérica pela Ferrovia (AIF), lançou a ideia dos bilhetes verdes para assistir aos jogos que incluem as deslocações ferroviárias e espera que a cooperação entre os dois Estados e entre as empresas públicas do ecossistema ferroviário ibérico, deve assegurar que a circulação entre as Cidades Sede do Mundial de Futebol que se situem na península será assegurada por ligações ferroviários diretas e confortáveis e com tempos de viagem razoáveis que possam perdurar e desenvolver-se depois da realização do evento. O governo português deve apressar o lançamento da Terceira Travessia do Tejo (TTT) exclusivamente ferroviária que tornará mais rápida a ligação entre Lisboa e Madrid, talvez ainda a tempo de ser inaugurada antes de a bola começar a rolar.
Fonte: Zero.