O presidente da Casa do Douro, que hoje toma posse, quer criar laços, desatar nós que a região tem, trabalhar nas fundações e atribuições da instituição e ajudar na tomada de medidas, como a aguardente regional.
Rui Paredes é o primeiro presidente da Casa do Douro restaurada pelo parlamento como associação pública de inscrição obrigatória.
Hoje, no salão nobre da Casa do Douro, no Peso da Régua, tomam posse os órgãos eleitos a 21 de dezembro: conselho regional de viticultores e direção.
“Acima de tudo o que teremos de fazer é criar laços e desatar muitos nós, a região tem muitos nós que precisam de ser desatados”, afirmou Rui Paredes à agência Lusa.
Nesta primeira fase da ‘nova’ associação, Rui Paredes quer passar uma mensagem de entendimento.
“Que estamos imbuídos do mesmo espírito, na defesa do pequeno e médio viticultor, de toda a região. Nós temos que trabalhar muito nas fundações da nova Casa do Douro, ou seja, estruturá-la de uma forma que permita mantermo-nos como um legado eterno e não como algo efémero”, referiu.
As competências da instituição estão definidas na lei, mas, segundo o responsável, para as efetivar será necessário “um envelope financeiro que as sustente” e uma discussão grande com os vários parceiros deste processo, como o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e o Governo.
Em simultâneo, acrescentou, é necessário continuar a trabalhar em medidas que ajudem os viticultores, a região, a crise nas vendas de vinhos e uvas e um “certo fundamentalismo” contra o setor.
“Esta organização, esta estruturação da Casa do Douro será algo que nos vai levar algum tempo. Agora, nada disto pode impedir a tomada de medidas urgentes, e isso é algo que nós não podemos deixar para um momento mais oportuno. Não. O momento oportuno era ontem”, realçou, salientando que se quer “empoderar o viticultor”.
Na sua opinião, “é importante que o viticultor não se sinta como um parente pobre, como alguém que anda sempre de chapéu na mão”.
Foram já tomadas medidas como o fecho da região à importação de vinhos, o Governo descativou verbas do IVDP para aplicar na promoção e a vindima em verde está vertida como uma proposta a ser apoiada caso haja necessidade este ano.
“O consumidor tem que perceber que quando consome um vinho do Douro está efetivamente a consumir um vinho que tem atrás de si toda uma história, uma tradição, um saber fazer e fruto muito da sua especificidade enquanto região, tem custos”, defendeu.
Um dos grandes debates na região tem a ver com a produção de aguardente para incorporar no vinho do Porto a partir dos excedentes do Douro. A medida tem sido discutida no interpessoal e até deveria ter sido votada neste mês de janeiro, mas, segundo Rui Paredes, há um compasso de espera por um esclarecimento por parte do IVDP e do Governo.
A decisão é considerada importante para a região e foi muito reclamada por viticultores que, na última vindima, não conseguiram vender todas as uvas ou as venderam a preços baixos.
“Uma outra situação que depois vai impactar com isto tudo é a definição de qual é o custo de produção”, afirmou.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a realizar um estudo que, segundo explicou, vai ajudar a perceber quais são os gastos do viticultor na sua vinha e os custos de produção que o produtor do Douro tem e irá apurar um preço abaixo do qual se está a vender abaixo do custo de produção.
O mandato é de três anos e Rui Paredes terá como vogais Fernando Alonso e Justina Teixeira.
O conselho regional de viticultores é composto por 51 membros eleitos por sufrágio direto dos associados singulares, sendo depois designados representantes das adegas cooperativas, cooperativas agrícolas e associações de viticultores.