O Movimento MAPA – Movimento, Ambiente e Produção Alimentar, promoveu no passado dia 3 de abril, na 57ª Feira Internacional da Agricultura Pecuária e Alimentação, o seminário “OS AGRICULTORES SÃO AMBIENTALISTAS” que decorreu na sala de Congressos do Fórum de Braga.
O seminário reuniu especialistas, produtores e representantes do setor agrícola para debater o compromisso dos agricultores com a sustentabilidade ambiental. Os produtores e agricultores são, por natureza, ambientalistas, pois conhecem e gerem os recursos naturais, garantindo a sustentabilidade dos sistemas, a segurança alimentar e o bem-estar animal. O seu conhecimento multidisciplinar permite-lhes cumprir exigências ambientais e produtivas, tornando-os fundamentais para o equilíbrio entre sustentabilidade e produção.
O Movimento MAPA realizou este seminário onde se abordaram temas como a defesa da agricultura sustentável para o futuro ambiental da Europa, a defesa da sustentabilidade na produção alimentar e a necessidade de implementar medidas e unir esforços para que agricultores consigam competir num mercado cada vez mais exigente. O seminário reforçou o papel dos agricultores como defensores do meio ambiente e que a agricultura e o ambiente não são inimigos, mas aliados estratégicos num futuro mais verde e equilibrado.
Graça Mariano, a porta-voz do MAPA, explicou os principais objetivos do Movimento que trabalha para aliar a sustentabilidade, inovação e responsabilidade social na produção de alimentos. Além disso, fomenta parcerias entre agricultores, cientistas e instituições para desenvolver soluções inovadoras que aumentem a produtividade sem comprometer o meio ambiente.
Este seminário contou ainda com intervenções de Albano Beja Pereira, Professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto que reforçou que o papel indispensável de uma formação qualificada. “O agricultor tem de ser alguém com muita formação. Os equipamentos agrícolas modernos têm tantos mecanismos como os aviões”, referiu.
Já Helena Real, Secretária-Geral da Associação Portuguesa de Nutrição [APN] frisou a necessidade de uma maior literacia alimentar: “comer bem não tem de ser mais caro. Por isso, a capacitação em literacia alimentar é fulcral. A desinformação constante que nos assola todos os dias em matéria de alimentação e nutrição em nada ajuda no processo de adesão a uma alimentação saudável”.
Idalino Leão, Presidente da Federação Nacional das Uniões de Cooperativas de Leite e Lacticínios [Fenalac] focou a sua prestação na defesa da sustentabilidade económica e ambiental da produção de leite e a necessidade de medidas que garantam a continuidade do setor, frisando que o setor leiteiro é um dos mais competitivos da agricultura. “A produção de alimentos é um desígnio nacional e uma questão de soberania.”
Manuel Costa e Silva [Presidente Assembleia Geral da Associação Empresarial Hortícola [Horpozim] destacou a necessidade de unir esforços para que os agricultores consigam competir num mercado cada vez mais exigente. “A horticultura moderna exige uma abordagem sustentável e inovadora para responder aos desafios atuais”.
O Seminário contou ainda com a presença do Ministro da Agricultura e Pescas José Manuel Fernandes, que encerrou a sessão defendendo que uma Agricultura sustentável é chave para o futuro ambiental da Europa e uma abordagem europeia à agricultura, mais justa, mais sustentável e mais próxima das realidades no terreno.
Para José Manuel Fernandes, “os agricultores são, desde sempre, os verdadeiros guardiões da paisagem, da biodiversidade e dos recursos naturais. A Europa tem de deixar de tratar os agricultores como um problema e começar a tratá-los como parte da solução”, acrescentando que “a sustentabilidade ambiental só será possível se for acompanhada pela sustentabilidade económica e social”. O Ministro apelou ainda à simplificação da Política Agrícola Comum (PAC) e o papel fundamental das novas gerações na transição ecológica: “Não podemos continuar a sobrecarregar os agricultores com normas incompreensíveis, controlos excessivos e metas desajustadas. Precisamos de regras claras, previsíveis e adaptadas às realidades locais. Há jovens agricultores a investir no futuro. Mas precisam de estabilidade, financiamento e reconhecimento”, acrescentou. Conclui o seminário deixando um apelo: “Não haverá transição ecológica sem agricultores. A Europa tem de escutar o campo, valorizar o trabalho agrícola e garantir que a sustentabilidade não é apenas uma bandeira ideológica, mas uma prática viável e justa para quem produz”, concluiu.
Fonte: MAPA