O Grupo de Trabalho dos Cereais, criado pelo Governo, lançou uma nova estratégia para o setor, intitulada Estratégia +Cereais, e que se foca na proteção da segurança alimentar nacional.
O novo plano para a fileira dos cereais, decorrente da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, vigente entre 2018 e 2023, foi apresentada esta quarta-feira, dia 9 de abril, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e tem como objetivo principal fomentar o aumento sustentado do nível de autoaprovisionamento de cereais em Portugal.
De acordo com o comunicado de imprensa, no total, a estratégia define oito medidas prioritárias e outras nove medidas estratégicas “para fazer frente a um diagnóstico adverso”.
A nota de imprensa também dá conta de que as primeiras são consideradas urgentes. Já as segundas são de implementação necessária para um reforço da competitividade do setor cerealífero nacional a curto/médio prazo.
“Pretende-se, com estas medidas, promover o aumento sustentado e sustentável da produção nacional de cereais através da criação de +Rendimento, +Organização e +Resiliência, com o suporte de +Conhecimento”, lê-se na comunicação.
Segundo Susana Barradas, coordenadora da nova estratégia, “o setor dos cereais é um setor particularmente dependente da conjuntura internacional. O baixíssimo grau de autoaprovisionamento de Portugal, num contexto de grande exposição aos fenómenos extremos decorrentes das alterações climáticas, coloca o país numa posição de grande vulnerabilidade. O risco de não termos cereais para comer existe e por isso é tão importante trabalharmos para o sucesso desta Estratégia”.
Portugal apresenta um dos mais baixos níveis de autoaprovisionamento da Europa (19%), situando-se nos 5% no caso do trigo-mole e nos 25% no caso do milho grão, sendo que os cereais representam atualmente 22% do défice alimentar e 19% do défice da balança comercial nacional.
“E a evolução tem sido negativa, com a diminuição, ano após ano, da área destinada aos cereais para grão. Às implicações na segurança e soberania, somam-se assim as componentes económica e, por arrasto, de coesão territorial”, refere o comunicado.
No âmbito da apresentação da estratégia +Cereais, foi ainda assinado um Memorando de Entendimento com vista à criação, à semelhança do que já aconteceu para o Arroz, de uma Interprofissional na área dos Cereais Praganosos e do Milho para Grão, como forma de valorizar a produção nacional em todos os elos da cadeia, reforçando o diálogo entre estruturas representativas das atividades económicas ligadas à produção, investigação, indústria e o retalho.
De acordo com a comunicação, este Memorando de Entendimento junta a ANPOC (Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais), ANPROMIS (Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo), APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição), APIM (Associação Portuguesa de Indústria de Moagem), Cervejeiros de Portugal e IACA (Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais) “num claro contributo imediato para a concretização do objetivo +Organização”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.