O mundo vive em constante mudança. Só nesta década, que ainda vai a meio, já assistimos a uma guerra no nosso continente — algo que já não julgávamos possível —, às principais economias mundiais a tentarem alterar as regras vigentes do comércio internacional, aos efeitos tremendos das alterações climáticas um pouco por todo o mundo, a uma pandemia da qual não havia memória, e para a qual não estávamos preparados. E nós, enquanto cidadãos, temos de nos adaptar e, de forma melhor ou pior, ultrapassar as dificuldades.
O setor agrícola sente de forma muito particular todos estes impactos. Os desafios vão surgindo, mas, como toda a gente tem de comer pelo menos três vezes ao dia, temos sempre conseguido continuar a atividade, não faltando nunca alimentos à mesa dos portugueses.
É isto que nos diferencia: os agricultores não são pessoas de baixar os braços, de se resignarem às adversidades ou de se atacarem mutuamente. São, antes, pessoas que olham de frente para os desafios e tudo fazem para os ultrapassar.
A agricultura em Portugal não é um campeonato de futebol, em que normalmente só ganha um dos três grandes. É antes uma seleção com o objetivo comum de tornar o setor mais forte, mais resiliente, mais competitivo, mais sustentável e mais reconhecido por uma sociedade cada vez mais urbana — em que todos ganham com o sucesso dos outros.
Setores de uma mesma agricultura, de um mesmo país, com propósitos comuns estarem uns contra os outros, em nada contribui para estes objetivos.
Todos temos de puxar para o mesmo lado. O enorme sucesso dos pequenos frutos, das hortofrutícolas ou do azeite é o sucesso de todos nós, agricultores, e de Portugal. E, se existem setores que necessitam de apoios e ajudas mais dedicadas, pelas mais diversas razões — seja pelo clima, pelo mercado ou até pelo risco de abandono — que os tenham. É para isso que servem as políticas e os governos.
Todos queremos ser mais fortes, manter a atividade agrícola em todo o território, fixar as populações nas zonas rurais e evitar o abandono.
A política é fundamental. Agora que estamos (novamente) em campanha eleitoral, é o momento para que todo o setor se una e se faça “lóbi” pela agricultura portuguesa. Todos temos de fazer reconhecer a sua importância e colocar a agricultura num lugar de destaque na sociedade e na economia — o que só se consegue se todo o setor olhar para o mesmo sentido.
Juntos somos mais fortes!
Agricultor