
A Coreia do Sul deu um passo importante rumo à eventual autorização de uma batata geneticamente modificada (GM) para cultivo local. A variedade em questão, desenvolvida pela empresa norte-americana Simplot, destaca-se por resistir ao escurecimento e por produzir menores níveis de compostos potencialmente cancerígenos quando frita — características que resultam de uma modificação genética precisa.
A Administração de Desenvolvimento Rural sul-coreana concluiu recentemente que a variedade de batata “SPS-Y9”, cultivada comercialmente nos Estados Unidos há quase uma década, é segura para cultivo. Esta decisão representa o culminar de um processo de avaliação que começou em 2018, altura em que a Simplot submeteu o pedido para importação da batata para fins alimentares.
Antes desta aprovação, a variedade passou por análises de impacto ambiental e ecossistémico, conduzidas por outras entidades governamentais. Em 2019, o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Pesqueiro avaliou os possíveis efeitos nos ecossistemas marinhos, enquanto o Ministério do Ambiente examinou os riscos ambientais em 2020.
No entanto, a autorização para consumo humano ainda está pendente, sendo necessária uma avaliação por parte do Ministério da Segurança Alimentar e Farmacêutica, que deverá analisar questões como toxicidade, alergenicidade e eventuais impactos no valor nutricional. Este processo, segundo as autoridades, pode demorar mais de três anos.
Apesar desta demora, a aprovação agrícola é significativa num país que já importa grandes quantidades de OGM (Organismos Geneticamente Modificados). Em 2023, a Coreia do Sul importou 860 mil toneladas de alimentos geneticamente modificados — entre os quais milho e soja — provenientes dos EUA. No entanto, até agora, nenhuma das 161 mil toneladas de batatas importadas pelo país era transgénica.
A batata “SPS-Y9” é especialmente pensada para a indústria de fritura, para produzir por exemplo batatas fritas. Ao resistir à oxidação após ser cortada e ao formar menos acrilamida durante a fritura, esta variedade oferece vantagens em termos de conservação e segurança alimentar.
Alguns analistas consideram que esta aprovação preliminar pode estar relacionada com as negociações comerciais em curso com os Estados Unidos, no sentido de reduzir barreiras não pautais como as regulações de quarentena. Durante uma visita recente aos EUA, o Ministro da Indústria sul-coreano terá recebido pressão para flexibilizar essas restrições, incluindo a aprovação da importação de batatas transgénicas.
A entrada desta batata no mercado sul coreano ainda depende da conclusão da avaliação sanitária. No entanto, a decisão da Administração de Desenvolvimento Rural representa uma mudança importante no panorama regulatório da biotecnologia agrícola na Coreia do Sul.
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O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.