Gil Patrão
Coimbra poderá ser muito mais que uma cidade apetecível para viver, e vir a ser um vetor ativo duma região de excelência se quem for eleito para liderar a Câmara for capaz de trabalhar de modo proativo e construtivo com os vereadores que representem outros partidos, para dotar a cidade das condições necessárias para atrair empresários dos diversos setores de atividade, e não se continuar a menosprezar as indústrias, das mais tradicionais às mais evoluídas de agora.
A autarquia também deverá aperfeiçoar muitas infraestruturas para melhorar a qualidade de vida de quem trabalha numa terra que, para continuar a ser farol de ciência e cultura, terá de vir a ter como líder quem procure e consiga, com base em consensos políticos amplos, ter o apoio de todos os seus vereadores, para potenciar uma ação governativa tão forte quanto esclarecida.
Coimbra nunca foi apertado cerco muralhado de castelo fronteira e não será de novo capital do país nem de nada, mas terá de ser governada por quem seja capaz de ajudar os empresários a vencerem dificuldades próprias de quem, para vender no mundo o que produzem têm de inovar, ter qualidade e serem competitivos, pelo que quem detiver as rédeas do poder da cidade terá de desburocratizar procedimentos camarários, e diminuir custos de contexto para as empresas.
Coimbra precisa de atrair muitas empresas, mas a competição por investimentos que criam emprego e geram riqueza é cada vez maior entre as cidades que entendem que o progresso só acontece pelo querer de quem lá trabalha. A força de atração duma cidade reside nos seus fatores valorativos, e se nestes Coimbra tem um ambiente geral de qualidade, possui uma massa humana crítica dotada de elevados níveis de formação escolar e profissional, dispõe de serviços de excelência ao nível do melhor que há no país, e se as suas universidades, institutos e escolas profissionais rivalizam com quaisquer outras, esta cidade está a mais de uma hora de distância dum aeroporto internacional, não tem um bom porto de mar perto, e carece de um ambiente económico capaz de seduzir quem faça evoluir a economia local de forma muito célere.
Uma cidade que já teve um setor industrial pujante foi-se tornando um deserto industrial por não ter atraído no passado novas empresas que substituíssem as que iam desaparecendo, mas ainda hoje os muitos lotes vazios do Coimbra inovação Parque mostram que nos últimos quatro anos a Câmara não criou dinâmicas que atraíssem empresas para um parque industrial relevante, pelo que esta empresa municipal continua na mesma letargia desde que este seu parque foi criado.
Coimbra poderá, com relativa facilidade, criar outro parque industrial peculiar, junto ao centro de triagem e valorização de resíduos sólidos urbanos da ERSUC. Se o mesmo for dotado duma central termoelétrica de cogeração, que com alguns desses resíduos e com biomassa florestal residual da região gere conjuntamente eletricidade e calor a preços competitivos, e se a Câmara desenvolver políticas que fomentem o investimento privado, a vantagem duma tão valiosa como rara infraestrutura como esta poderá alterar o marasmo industrial que assola a urbe há décadas.
No mandato atual, a Câmara não construiu vantagens competitivas, não atraiu empresários com a sua tão apregoada “diplomacia económica”, e nem a IKEA convenceu a instalar-se na cidade. Coimbra morrerá um pouco mais em cada dia se não tiver quem estabeleça condições ímpares para cativar empresários que aqui criem muitos postos de trabalho, dos mais banais aos mais especializados e bem remunerados. Razões pelas quais muitos anseiam por quem evidencie ter a capacidade de gestão política capaz de recolocar Coimbra na agenda dos grandes investidores.