
Elogiando as virtudes da diplomacia económica, Filipe Nyusi sublinhou que trouxe a maior comitiva empresarial de sempre, cerca de 70 empresários. “Somos amigos”, a “diplomacia está impecável”, mas “a diplomacia não se come”, brincou o presente moçambicano, frisando que é o momento de pôr as mãos na massa e trabalhar para fazer crescer a balança comercial entre os dois países. “Há um ambiente de negócios favorável”, frisou.
“Queremos que Portugal seja a porta de entrada de Moçambique para o mercado europeu, já é, mas é preciso consolidar para que seja para a África Austral e toda a África”, defendeu Filipe Nyusi na abertura do Fórum Económico Parcerias para o Desenvolvimento, hoje em Lisboa, a decorrer no âmbito da quarta cimeira entre Portugal e Moçambique.
Nyusi defendeu que o reforço das relações económias deve ser feito com base em “informação clara”, e lembrou que nos cinco últimos anos as relações comerciais entre Portugal e Moçambique sofreram um ligeiro arrefecimento, ainda assim Portugal está entre os 10 maiores exportadores para Moçambique e é responável por mais de 14 mil postos de trabalho.
“O nosso país tem um futuro promissor, pois, apesar das adversidades, a economia continua a crescer a bons níveis, apesar da desaceleração para 2% este ano por causa das calamidades naturais”, disse Nyusi, apontando que espera uma recuperação para um crescimento de 6% no próximo ano.
“Os novos desenvolvimentos nos setores do petróleo e gás natural, na agricultura, turismo e infraestruturas sustentam o nosso otimismo”, disse Nyusi. E chamou a atenção para o investimento de 23 milhões de doláres que a multinacional Anadarco vai iniciar em breve na exploração de gás. Não obstante, o governante sublinhou que quer promover as exportações em áreas que não estejam relacionadas apenas com as matérias primas.
13 protocolos e prorrogação da linha de crédito de 400 milhões
A cimeira serviu também para o governos português e moçambicano assinarem 13 acordos bilaterais, em áreas diversas e que vão desde a economia, à saúde, passando pela cultura. Destaque para a prorrogação de uma linha de crédito de 400 milhões de euros até 2020, protocolos na saúde e apoio a regiões moçambicanas afetadas por ciclones.
A assinatura destes acordos foi feita no final da IV Cimeira Luso Moçambicana, no Palácio Foz, em Lisboa, sob a presidência do chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, e do primeiro-ministro de Portugal, António Costa. E contando com um vasto conjunto de ministros do lado português mostrando a importância da visita de Estado de Filipe Nyusi – estiveram presentes, entre outros, o ministro dos Negócios Estrangeiros, o da Economia, o da Administração Interna, e o do Ambiente. A linha de crédito mantém por desembolsar cerca de 11,6 milhões de euros, e vai abranger as obras de reabilitação e de um conjunto de estradas em Moçambique.
Nyusi agradeceu os esforços de Portugal e dos portugueses no apoio “inestimável” a Moçambique, na sequência da castástrofe provocada pelos ciclones Idai e Kenneth.”Em nome de 28 milhões de pessoas e em meu nome próprio, quero agradecer ao povo português, que prestou um apoio inestimável desde as primeiras horas da catástrofe natural”, disse, salientando que 90% das infraestruturas e das comunicações ficaram destruídas e garantindo uma especial atenção à maneira como os fundos serão disponibilizados a quem deles precisa.
“Tudo faremos para que os recursos alocados para a construção sejam aplicados de forma transparente e aplicaremos mão dura para os prevaricadores”, prometeu o governante.
Costa defende que os portos e as Infraestruturas portuguesas podem ser relevantes para o transporte de mercadorias portuguesas
Perante os grandes investimentos que se avizinham na área de gás, Portugal tem capacidade de portos e Infraestruturas para ser uma importante plataforma de transportes e de ligação à Europa.
O investimento português tem sido mais eficaz, está a criar 150 postos por cada milhão de euros aplicados. Há 1800 empresas portugueses a exportar para Moçambique, e com um papel relevante em áreas que vão desde a energia, à agricultura, passando pela construção e o sector financeiro, o que é uma prova da confiança na economia moçambicana.