
Há um novo campo de demonstração e ensaios, com as condições adequadas e com variedades atualmente em produção nos olivais modernos e no Laboratório de Estudos Técnicos do ISA o objetivo é desenvolver novas metodologias de análise de material fresco que permitam apoiar melhor, técnica e cientificamente, os produtores portugueses.
No sentido de apoiar o ensino e a investigação na área da olivicultura e tecnologia do azeite, e face às mudanças económicas e sociais que ocorreram nos últimos anos no setor, o Instituto Superior de Agronomia desenvolveu uma nova disciplina de Olivicultura e Tecnologia do Azeite.
Inserida no Mestrado de Engenharia Agronómica pode ser frequentada por qualquer aluno, técnico ou agente da fileira, sendo lecionada por diferentes professores especialistas nestas temáticas, de setembro a dezembro, às 5ª feiras e 6ª feiras.
Com esta disciplina, da responsabilidade da Prof.ª Cristina Oliveira, objetiva-se assegurar a aprendizagem dos conhecimentos que fundamentam as tecnologias de produção sustentável de azeitona e as tecnologias de produção de azeite, com ênfase na interação ambiental e sustentabilidade, assim como na qualidade do produto final.
Dado o carácter perene da oliveira e os diferentes sistemas de produção de olival, espera-se que os alunos adquiram capacidade de análise da complexidade das decisões quer ao nível dos recursos, quer das tecnologias utilizadas e suas implicações económicas.
Os alunos deverão ser capazes de discutir as fitotecnias da olivicultura e tecnologia da produção de azeite com os vários operadores da fileira e transmitir informação entre os vários agentes.
O conceito passou pelo desenvolvimento de um campo de demonstração e ensaios, com as condições adequadas e com variedades atualmente em produção nos olivais modernos. O local foi identificado e, alinhando um conjunto de vontades – desde docentes de várias áreas, a alunos e funcionários – foi possível garantir a execução das várias operações, a muito baixo custo.
Explica-nos a responsável pelo curso que o modelo implementado neste novo olival é inovador e único em Portugal. Primeiro pela possibilidade de fazer comparações intravarietais, dado que as variáveis agronómicas são constantes e controladas. Depois porque permite fazer comparações sobre o impacto do sistema de condução, dado que neste olival a mesma variedade/clone/híbrido está sujeita a dois sistemas de condução, circunstância que também não existe em Portugal (sistema de condução livre e sistema de condução em eixo).
O novo olival, concebido com a colaboração do GEV, Eng. Luís Cordeiro e Rui Matias, e da Eng.ª Ana Helena Alegre (LET), e após um estudo prévio das características químicas do solo, efetuado pelo Prof. Henrique Ribeiro, de forma a definir as correções a fazer, servirá para aulas práticas onde os alunos poderão efetuar as podas de formação dos dois sistemas de condução, realizar as operações culturais e observações como doenças e pragas, crescimentos e produção. Poderá servir também para ensaios de dissertações de mestrado. Refira-se que este olival já atingiu a autossustentabilidade.
Já no que respeita ao Laboratório de Estudos Técnicos do ISA (vulgo Laboratório de Azeites) pretende-se desenvolver novas metodologias de análise de material fresco que permitam apoiar melhor, técnica e cientificamente, os produtores portugueses. Consequentemente, permitir também a transferência deste conhecimento para o mercado e para os consumidores.
No LET, reconhecido internacionalmente pelo Conselho Oleícola Internacional – COI – para a realização de ensaios químicos e sensoriais será possível realizar análises da qualidade de azeites monovarietais destas novas variedades. Os alunos terão também aulas práticas nesta vertente.
Para ler na Voz do Campo n.º 229 (ago.set 2019)