
O projeto TRUE pode ser traduzido como “Transição para sistemas agroalimentares mais sustentáveis baseados nas leguminosas”. Financiado pela Comissão Europeia e pelo Horizon 2020, o projeto teve início em 2017 e estará em curso até à primavera de 2021 com o objetivo de identificar as melhores rotas, ou “caminhos de transição”, para aumentar o cultivo e diversidade de leguminosas em toda a Europa, diminuir a importação de países terceiros (por exemplo, da soja) e, em última instância, aumentar o seu consumo.
O projeto resulta de uma parceria equilibrada de 24 instituições, entre as quais universidades, empresas e institutos de investigação. Estes parceiros analisaram 24 estudos de caso em que a inclusão de leguminosas foi bem sucedida em sistemas alimentares sustentáveis, por forma a desenvolver uma ferramenta de suporte para produtores, agrónomos, empresas de processamento, investigadores e outros tomadores de decisão. Neste projeto organizam-se, também, encontros de inovação direcionados para as leguminosas que têm lugar nas regiões do mediterrâneo, atlântico e continental. A última decorreu no Porto, na Universidade Católica Portuguesa.
Variados benefícios tanto para a saúde como para uma agricultura sustentável
De acordo com a informação avançada precisamente pela Investigadora da Escola Superior de Biotecnologia da UCP, Marta Vasconcelos, o projeto já gerou muitos resultados em todas as componentes que têm sido trabalhadas: desde a verificação dos benefícios ambientais da inclusão de leguminosas em sistemas agrícolas, à demonstração da pegada ecológica de produtos alimentares e bebidas que as incluem na sua composição, até ao desenvolvimento destes produtos (cerveja feita com favas, massas feitas de diferentes tipos de leguminosas, etc.), assim como a sua avaliação sensorial e inclusão em concursos de inovação como o Ecotrophelia ou o Innovation Track. Na verdade, “conseguimos não só colocar novas leguminosas no campo, como também promover o seu consumo. Estamos, neste momento, a avaliar o impacto na saúde de uma dieta em que houve substituição parcial da fonte de proteína por leguminosas, durante oito semanas, num estudo que está a ser realizado na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa”.
Em termos dos benefícios para a saúde gerados pelo consumo de leguminosas, a investigadora explica que passam por melhorias no padrão de gordura no sangue, controlo de peso, diminuição de problemas cardiovasculares e, também, diminuição de incidência de certos cancros. Graças ao seu conteúdo em fibra não solúvel, são importantes por favorecerem os microorganismos benéficos do intestino, contribuindo para a modulação do microbioma intestinal. Isto porque apresentam elevado teor em proteína, fibra, vitaminas e minerais, um baixo índice glicémico e baixo teor em lípidos.
Já no que respeita à componente agrícola e ambiental,“as leguminosas têm um papel importante na agricultura sustentável, uma vez que são capazes de fixar biologicamente (através de associações com bactérias no solo) o azoto e o fósforo livre do solo, diminuindo a necessidade de utilização de fertilizantes. A inclusão de leguminosas em sistemas agrícolas também promove a biodiversidade”.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 229 (ago.set 2019)