
A natureza está zangada. Não temos muitas dúvidas. Também não temos dúvidas dos erros que temos cometido. Temos todos. E por isso temos uma luta pela frente. É o nosso futuro colectivo que está em jogo e isso conta. E merece acções.
Estamos em pleno período eleitoral em Portugal.
Estamos, como referi acima, também em plena luta ambiental. Leu bem, luta. Uma luta pelo futuro do Planeta. Uma luta que faz do ambiente tema cimeiro da agenda mediática internacional. Porém, nesta crise climática, com maior ou menor convicção, não ouvimos, pelo menos até agora, debates sérios sobre a sustentabilidade do nosso país. Não são ideológicos, são debates sérios.
Andamos à volta da questão, sem nunca ir ao seu âmago. Andamos em passa culpas, em promessas de suavização fiscal, mas não andamos nunca a discutir, de forma profunda e responsável, ideias para reformar o país.
Este é o ponto. Uns assustados com o PAN, ou com os resultados dos Partidos Verdes na Europa, ou então com a activista Greta, agora correm todos a dizer algumas palavrinhas sobre o ambiente e o desafio das alterações climáticas. É um enorme desafio para todos nós habitantes do planeta. Claro que é. E dizem com a convicção igual a qualquer outro desafio. Está na moda.
Mas neste súbito interesse ambiental, retirando o fundamentalismo de alguns, retirando os indícios de ditadura alimentar que alguns intolerantes mal-informados nos querem impor, ninguém nos diz o que fazer daqui para a frente. Para o futuro. E é o futuro que mais conta.
Por isso lanço o tema da BioEconomia. E o que é a BioEconomia? Os teóricos definem como “a utilização inteligente dos recursos biológicos, de modo a garantir bem-estar social e ambiental”. Ou seja, colocar a sustentabilidade como factor essencial para o futuro das nossas sociedades. É curioso perceber que o tema da sustentabilidade está hoje a crescer no meio empresarial. São já muitas as empresas, em Portugal, que promovem departamentos de sustentabilidade, com orçamento próprio e em que a própria gestão está atenta a todas as questões de sustentabilidade. E este passo é fundamental. Esta sensibilidade é um passo fundamental nesta luta de todos.
Regressemos ao país, um país com a nossa floresta, um país com uma zona costeira como a nossa, são as condições geográficas que temos, nem creio que existam alterações nas nossas fronteiras, não aproveita o que de melhor tem?
É isto que merece discussão séria. Um plano bem gizado teria necessariamente de levar em conta a BioEconomia para o nosso futuro sustentável. Nós temos um problema com a forma como estamos organizados economicamente. Assente nos combustíveis fósseis, ou seja, intensivos em carbono. Assente no consumo, que não leva em conta os impactos da cadeia de produção e da cadeia logística, pensemos nas uvas que nos chegam ao supermercado originárias do Chile. Obviamente que não podemos cortar tudo. Não podemos chegar e obrigar as pessoas, quase instantaneamente, a mudar de vida, logo nestas sociedades que vivem como vivem. Mas podemos sensibilizar e incentivar. Já sei, não vale grande coisa, contudo não podemos olvidar que a mudança não são só processos disruptivos e revolucionários, mas também pequenos passos, mudanças incrementais, a optimização da utilização de recursos é um domínio onde não explorámos todas as potencialidades. Podemos olhar para a tecnologia como um parceiro para usar racionalmente os nossos recursos naturais. Das renováveis a novas de optimização da produção agrícola e industrial, produzindo o mesmo com os mesmos recursos e com menor pegada ambiental. Vamos olhar de frente este tema. Investir. Investir a sério. Incentivar as empresas. É aqui que vale cada euro do Estado, cada euro nosso.
É que lá fora, a Comissão Europeia deu os primeiros passos e incentiva a que cada Estado-membro avance neste conceito.
Mas cá o que estamos a fazer? O que querem os Partidos, que vão a eleições, fazer? Não vale a pena um debate sério e sem dogmas, nem fundamentalismos? Vale. Se vale. É a urgência do nosso futuro colectivo que o exige.