
Como vem sendo habitual, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro organizou o seu Dia Aberto sobre a cultura do arroz no Baixo Mondego, que decorreu no final de agosto no Campo do Bico da Barca, em Montemor-o-Velho.
As visitas aos vários ensaios e campos de arroz iniciaram-se depois das intervenções de boas vindas do Diretor Regional de Agricultura da DRAP Centro, Fernando Martins, e do presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, conforme informação disponibilizada à Voz do Campo pelo responsável técnico do Campo, António Jordão.
O Dia Aberto começou com a visita ao Ensaio de Seleção de Linhas Segregantes, um dos mais importantes ensaios para a Equipa de Melhoramento de Arroz, de que fazem parte a DRAP Centro, o INIAV e o Centro Operativo e Tecnológico do Arroz (COTArroz), pois é a partir deste ensaio que começa o trabalho de campo, em termos de melhoramento de arroz. Decorre apenas no COTArroz, em Salvaterra de Magos, e no Campo do Bico da Barca, unidade experimental da DRAP Centro em Montemor-o-Velho onde estão instalados mais de 500 micro-talhões que ocupam uma área com 6000 m2.
O principal objetivo deste ensaio é selecionar genótipos tendo em vista a obtenção de novas variedades portuguesas de arroz, com especial incidência na produção de arroz do tipo carolino.
No caso do Projeto do Grupo Operacional +Arroz, financiado pelo PDR 2020, liderado pela empresa LUSOSEM e que conta com a APARROZ, a ANSEME, a GACHA – Sociedade Agrícola, Lda., o INIAV, a ADISA, o COTARROZ e a DRAP Centro como parceiros, pretende-se encontrar soluções orientadas para a resolução do problema do controlo de infestantes, nomeadamente das espécies de Echinochloa spp.
Os responsáveis por este GO apresentaram aos participantes as três linhas de trabalho em execução nesta unidade: tecnologia da “falsa sementeira” versus sementeira convencional, rotação de culturas (com milho) e programa de herbicidas.
Ensaio de Crivagem de Novas Variedades é um dos ex-líbris destes eventos
De seguida foram divulgadas as principais linhas orientadoras do Projeto Internacional MEDWATERICE, que tem o seu foco na gestão da rega na cultura do arroz garantindo a sustentabilidade da cultura.
O Dia Aberto prosseguiu com a visita ao Ensaio de Crivagem de Novas Variedades de Arroz, um dos ex-líbris destes eventos, diz António Jordão, por ser uma mostra das principais e mais recentes variedades de arroz. É o caso das variedades portuguesas “Ceres”, “Maçarico” e “Diana” (esta última entrou para o Catálogo Nacional de Variedades em 2019) e de variedades italianas que surgiram pela primeira vez no ensaio: “Lusitano”, “Leonardo”, “NV-19” e “RG 201”.
Embora ainda em código, e sem saber qual será o desfecho relativamente à entrada de duas novas variedades portuguesas de arroz no CNV, os participantes puderam constatar in loco o seu comportamento em termos de ciclo vegetativo, tolerância à piriculária, etc., comparativamente com outras que são consideradas referências a nível nacional.
Antes de terminar mais uma edição deste evento foi apresentado o Ensaio de Avaliação Agronómica, instalado no âmbito da Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos Vegetais (Medida 7.8.4/2017 do PDR2020) e o Ensaio da Rede de Ensaios de Adaptação. Se no primeiro caso o objetivo é a obtenção de material genético proveniente do Ensaio de Gerações Segregantes, já no segundo o objetivo é avaliar as linhas avançadas que provêm do EAA tendo em vista a sua inclusão na Rede Nacional de Ensaios de Arroz, ensaio cuja responsabilidade cabe à DGAV.
Por último, foram divulgadas aos presentes as atividades realizadas em termos da produção de arroz biológico no Campo do Bico da Barca e quais as iniciativas que se preveem realizar a partir do próximo ano.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 130 (outubro 2019)