por Carlos Neves, em 23.10.19
- Esta página “CARLOS NEVES AGRICULTOR” não tem por objetivo ser uma página profissional sobre a cultura do milho ou qualquer outra atividade agrícola. Pretende apenas ser um “DIÁRIO DE UM AGRICULTOR PARA NÃO-AGRICULTORES” com a prioridade de mostrar a quem está de fora como é que os agricultores hoje em dia produzem alimentos, criam animais, conservam o ambiente, ocupam o território e modelam a paisagem.
- Contudo, porque a maioria dos meus amigos no Facebook são agricultores tenho todo o gosto que partilhem, comentem as publicações e deem sugestões. Eu considero-me um razoável produtor de milho silagem e um aprendiz de milho grão (só costumava fazer 2.000 metros / ano de milho grão para as galinhas). Se querem aprender a sério sobre a cultura milho sigam o João Coimbra no seu blog “Milho Amarelo”. Ele sabe muito de milho, sabe comunicar e tem a visão que me parece correta: Inovação e agricultura de precisão com atenção ao ambiente e à biodiversidade. Coloco depois nos comentários a ligação para a página e um vídeo desta semana onde ele também aparece.
- Apesar de ser um aprendiz a quem correu bem a experiência, não me arrependo de partilhar o que vou fazendo, o que já aprendi com a experiência e com os vossos comentários, por exemplo sobre o processamento do restolho (ver os comentários nas publicações anteriores sobre o milho).
- Uma das coisas que descobri é que devia ter optado por uma variedade específica de milho grão, que sendo mais baixa seria mais fácil de colher, mais resistente ao vento e daria menos palha/restolho para processar / enterrar. Semear cedo foi importante para aproveitar as chuvas da primavera e evitar a rega, mas ainda não tinha a certeza do destino do milho, por isso optei por uma variedade de dupla aptidão. O milho já estava grande quando vi um cartaz (já fora do prazo limite de resposta) sobre a compra do milho pela União de Cooperativas; Liguei para o responsável e tive como resposta: “fica descansado, Carlos, que o milho grão que pensas produzir não chega para uma manhã da nossa laboração, nós ficamos com ele”. Não assinei, não apertei a mão, mas bastou-nos um compromisso ao telefone para ter a minha colheita encaminhada.
- Entretanto, com esta página acabada de começar, já recebi três contactos sobre compra de milho; Fiquei por isso espantado quando soube estes dias que grandes produtores de milho estão com dificuldades em fazer a colheita porque as fábricas de rações estão com os armazéns cheios de milho importado, comprado há meses nos “contratos de futuros”; O milho produzido em Portugal só chega para dois ou três meses do ano! Temos de dar prioridade à produção nacional e temos de começar a negociar / vender antes de semear o milho. O preço já está na bolsa de Chicago, não há muito por inventar, só valorizar um pouco mais o que é próximo por questões de pegada ecológica, por ser mais “fresco”, por ser bom para a nossa economia e ocupação do meio rural português
- Repito o que já escrevi noutro dia: Acredito que o milho grão também tem futuro no norte de Portugal. Apesar de ninguém ficar rico a fazer 10 ou 20 hectares de milho grão, pode ser um complemento interessante para quem esteja reformado ou tenha outras atividades / rendimentos e já tem a terra, o equipamento e o conhecimento básico sobre o milho. Contudo, será útil que empresas do setor, associações ou cooperativas aproveitem estes meses livres entre novembro e março para dar formação aos interessados, porque há detalhes que fazem a diferença. E depois, se fizerem dias de campo, façam mais cedo do que tem sido habitual, que quando começa a colheita do nosso milho e dos vizinhos já não há tempo para aprender mais. “Em tempo de guerra não se limpam armas”.
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1 comentário

De Anónimo a 09.11.2019 às 23:46
“Em tempo de guerra não se limpam armas”.
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