
Uma nova campainha-de-inverno, uma baga que engana as papilas gustativas – fazendo o amargo parecer doce – um arbusto que produz uma “super-cola” e um fungo que pode ser usado no tratamento da artrite são algumas das novas plantas descobertas pela ciência em 2019, segundo anunciou o Royal Botanical Gardens de Kew, instituição de referência mundial na área da botânica.
As campainhas-de-inverno são uma planta que em inglês leva o nome sugestivo de ‘snowdrop’ (gota de neve), numa alusão ao seu aspeto característico. A descoberta da nova espécie tem ela própria uma história curiosa. Um pediatra turco pôs no Facebook imagens das suas férias e um especialista nesse tipo de planta viu-as e reparou na planta.
Segundo explica Martin Cheek, botânico de Kew, “descobrir e descrever novas espécies é um empreendimento científico verdadeiramente excitante e vital de modo a podermos proteger novas espécies antes que se extingam. Também nos ajuda a compreender as suas utilizações potenciais, e como poderão fornecer soluções que nos ajudem a lidar com alguns dos desafios críticos que a humanidade enfrenta hoje”.
“A seleção deste ano representa um leque de plantas novas para a ciência e fungos que são únicos e cheios de caráter, porém ameaçados pela intervenção humana em risco de extinção em breve”, acrescenta Cheek.
Existem cerca de 400 mil espécies vegetais na Terra. O seu peso agregado representa 82 por cento do total da vida. Kew registou 102 novas espécies de plantas e oito de fungos em 2019. Muitas delas, infelizmente, estão a ser gravemente afetadas por diversas atividades humanas, desde a agricultura à mineração e outras indústrias.
Uma espécie de árvore chamada zonozono e descoberta na Tanzânia só tem sete exemplares conhecidos. Uma orquídea encontrada numa queda de água na Guiné, deverá desaparecer quando começar a ser construída no local uma barragem. São alguns exemplos do património ancestral que se poderá perder em breve, e jamais será recuperado.