COMUNICADO DE IMPRENSA
Programa de Desenvolvimento Rural 2007/2013: �Uma oportunidade desperdi�ada nos Fundos comunitários� Posi��o comum das organizações de Ambiente e Agr�colas
Em face da última versão do Programa de Desenvolvimento Rural � PDR apresentado pelo Governo ap�s consulta pública, as organizações de Ambiente e da Agricultura que subscrevem o presente documento consideram que:
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A proposta do MADRP para o PDR não serve a agricultura, o ambiente e o desenvolvimento rural integrado em Portugal;
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� desajustada a aloca��o de verbas públicas � comunitárias e nacionais – proposta para os v�rios eixos ou Sub-programas com a atribui��o de quase metade das verbas públicas ao Eixo 1, tendo s� o Sub-Programa 1 � �promo��o da competitividade� � 46,8% do total do financiamento público do PDR. Que desajustada da nossa realidade � Também a aposta principal na l�gica da fileira na estrutura produtiva agro-florestal, o que terá repercuss�es negativas no aproveitamento dos Fundos comunitários pelos agricultores e no desenvolvimento rural, ali�s como o demonstra a experi�ncia dos �ltimos anos (1) ;
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A aposta oficial na alegada �competitividade�, acompanhada pela concentra��o do investimento público nos maiores projectos, com especial destaque para o regadio do Alqueva (com cerca de 12% do Fundo comunitário), para a irrazo�vel exig�ncia de uma área m�nima de 25 hectares para os projectos de ordenamento e reconversão dos povoamentos florestais, e para grandes investimentos na Floresta industrial, irá descurar, mais uma vez, a preserva��o do ambiente e da paisagem rural, a produ��o de alimentos de boa qualidade alimentar, a defesa da biodiversidade e a ocupa��o activa do territ�rio com a fixação das popula��es no meio rural; prejudicando, mais uma vez as pequenas unidades produtivas de pequena dimensão;
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A pretextos v�rios, este PDR praticamente �liquida� as chamadas Medidas Agro-Ambientais. De facto, a proposta de PDR do MADRP elimina 18 das anteriores 21 medidas Agro-Ambientais do programa RURIS (desenvolvimento rural) e reduz-lhes em 448 milhões de Euros o investimento público face ao que esteve disponível. para o período de 2000 a 2006. �Corte� extremo que não se pode aceitar tendo até em conta as directrizes da União Europeia quanto � observ�ncia de crit�rios ambientais para atribui��o dos apoios comunitários � Agricultura;
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� muito negativa a falta de abrang�ncia das �Interven��es Territoriais Integradas� (ITI) previstas para as áreas da Rede Natura 2000, pois apenas cobrem 8 das mais de 20 zonas onde essas medidas são necess�rias como instrumento de gestáo e promo��o da conserva��o da natureza e biodiversidade. Acresce que apenas 3,3% do Fundo comunitário será alocado a estas medidas e que os apoios concedidos pelos serviços ambientais prestados e perdas de rendimento associadas são t�o baixos que v�o condicionar a adesão volunt�ria dos agricultores e propriet�rios florestais, �castrando� o seu potencial e relev�ncia;
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O novo enquadramento proposto para este tipo de medidas, subverte a natureza das Agro-Ambientais e o objectivo principal para que elas foram criadas – a melhor adequa��o do modo de produ��o ao ambiente � pois o objectivo central das �novas� Agro-Ambientais passa a ser, obrigatoriamente, o da certifica��o/comercializa��o dos produtos e não a produ��o de benef�cios públicos ambientais (2) ;
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Tendo ainda em conta que, Também a pretextos v�rios, j� não houve novas candidaturas a medidas Agro-Ambientais nem em 2005, nem em 2006 (3), e que em 2007 o MADRP se prepara para, uma vez mais, não aceitar novas candidaturas, limitando-se apenas a antecipar para 2007 os pagamentos relativos �s candidaturas a realizar em 2008. Desta forma, a continuidade de dezenas de milhar de Explora��es Agr�colas (maioritariamente familiares) será posta em causa, com um deficit preocupante ao nível. das medidas de conserva��o do solo, da �gua e da biodiversidade;
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O PDR deveria valorizar um desenvolvimento rural no qual se privilegiasse o �uso m�ltiplo�, refor�ando o papel multifuncional da agricultura e floresta em detrimento do modo de produ��o intensivo e da sua industrializa��o indiscriminada;
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Por responsabilidade do MADRP, pelo menos em 2007, iremos desaproveitar uma boa parte das ajudas do PDR, uma vez que este poderia ter sido concebido de modo a poder ser entregue � Comissão Europeia logo ap�s a publicação do regulamento de execução do Desenvolvimento Rural (4). não � compreens�vel que não se tenham cumprido os prazos iniciais previstos, de ter a proposta pronta até final de Julho de 2006, e operacional em Janeiro/Fevereiro de 2007;
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A agravar ainda mais esta situa��o, o MADRP anuncia agora que, ao inv�s de prolongar por mais um ano os compromissos Agro-Ambientais que terminaram em 2006 (op��o a que Portugal j� em anos anteriores recorreu, e a que outros Estados Membros, neste ano de transi��o, se prepararam para recorrer) irá interromper a atribui��o destes apoios aos agricultores, pondo em causa os objectivos inerentes �quelas Medidas e o benef�cio ambiental por elas gerado;
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O investimento público para o regadio do Alqueva, enquanto projecto �de fins m�ltiplos�, dito estruturante para o Pa�s e que deveria beneficiar v�rios sectores, nomeadamente o do turismo, não deveria ser imputado ao Programa de Desenvolvimento Rural, onde irá consumir cerca de 12 % do total do investimento público (3) ;
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Em Portugal não pode haver desenvolvimento rural sem agricultura �familiar� a produzir bens e serviços e a gerir o territ�rio nacional contra o despovoamento, em especial nas zonas deprimidas do interior e em montanha;
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A nova concep��o de PDR permitirá a tramita��o de verbas de um sub-programa para outro(s) o que, a� chegados, s� poder� significar a passagem de verbas provenientes dos outros tr�s Sub-Programas para concentrar no Sub-Programa 1;
Concluindo, os signatérios deste documento exigem ao MADRP uma revisão profunda da proposta de PDR, no sentido de refor�ar financeira e territorialmente o Sub-programa 2, de modo a disponibilizar instrumentos que permitam �s popula��es rurais cumprir a missão pública de gerir o territ�rio, proteger o solo, a �gua e a biodiversidade. Simultaneamente, no ambito do Sub-programa 1, dever� ser refor�ado o apoio aos projectos colectivos e individuais que valorizem a produ��o m�ltipla de bens e serviços agro-florestais, não descriminando os de pequena e média escala, porque em última análise � este tipo de incentivos que mant�m a ocupa��o de todo territ�rio, incluindo nas zonas deprimidas e menos produtivas.
As Associa��es Subscritoras CAP – Confedera��o dos Agricultores de Portugal CNA – Confedera��o Nacional da Agricultura CPADA – Confedera��o Portuguesa das Associa��es de Defesa do Ambiente Euronatura – Centro para o Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentado GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente LPN – Liga para a Protec��o da Natureza Quercus – Associa��o Nacional de Conserva��o da Natureza SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
[1] Como refer�ncia a Comissão Europeia indicou no FEADER um m�nimo de 10% no Eixo 1 e 25% no Eixo 2.
[2] Desta forma, a grande maioria da SAU não será beneficiada por MAA, o que p�e de fora grande parte dos nossos sistemas agr�colas extensivos, muitos deles classificados como tendo um elevado valor natural. Seria de esperar que Portugal, país que reconhecidamente possui uma enorme riqueza em ecossistemas agr�colas, previsse no PDR, apoios significativos para os sistemas de agricultura extensiva que estáo na base desses valiosos ecossistemas. Inacreditavelmente, neste PDR, estes sistemas de agricultura são absolutamente votados ao abandono, parecendo ser indiferente o destino que teráo os milhares de hectares destes ecossistemas até aqui apoiados e agora esquecidos.
[3] O montante de 448 Milh�es de euros cortado �s Medidas Agro-Ambientais em rela��o ao anterior Quadro comunitário de Apoio, parecem ter sido transferidos para a Ac��o 1.6.2 � Regadio Alqueva.
[4] Regulamento n.� 1974/2006, de 15 de Dezembro, publicado no JOCE n.� 368 de 23.12.2006.
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Artigos |
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Agronotícias (28/03/2007) – Londres: Mariann Fischer Boel vaticina um bom futuro para a PAC
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Agronotícias (26/03/2007) – Vai de mau para ainda pior o PDR, Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013
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Agronotícias (22/03/2007) – CNA: MADRP "queima" prazos das agro-ambientais em 2006/07 e ainda por cima faz demagogia…
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Fonte: LPN |
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