Drosophila suzukii (Matsumura, 1931) é uma mosca de pequenas dimensões, oriunda do continente asiático, pertencente à família Drosophilidae. O seu aspeto é muito semelhante ao da mosca-do-vinagre, sendo vulgarmente designada por drosófila-de-asa-manchada.
Foi detetada pela primeira vez em Espanha (2009) e Itália (2010) e os primeiros registos oficiais de capturas desta praga em Portugal datam de 2012 (Zambujeira do Mar em framboesas).
É uma praga muito polífaga, com capacidade de causar prejuízos consideráveis em variadas culturas. O número elevado de gerações anuais e a grande capacidade de se reproduzir e alimentar nos frutos de numerosos hospedeiros vegetais, preferencialmente cereja e pequenos frutos como morango, mirtilos, framboesas e amoras, têm acentuado impacto económico na produção, sobretudo pela destruição dos frutos, com frequência próxima da colheita.
Na região de Entre-Douro- e-Minho, têm ocorrido, nos últimos anos, prejuízos muito elevados, sobretudo em culturas de cereja e de mirtilo.
Na região Centro, na zona do Fundão a cultura mais afetada tem sido a cereja, onde os estragos nas últimas campanhas têm sido crescentes, podendo afetar 20 a 50% da produção.
No Alentejo devido às temperaturas mais elevadas, mas especialmente ao facto de as organizações de produtores de pequenos frutos apostarem na limpeza das parcelas, como meio preventivo, os estragos têm sido minimizados, chegando mesmo a não ser uma praga significativa na maioria dos anos.
Grupo Operacional FruitFlyprotec
Este Grupo Operacional tem como parceiros o COTHN-CC, a Frusoal Lda., Instituto Politécnico de Santarém (Escola Superior Agrária); Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Madre Fruta Lda. e O Melro OP, S.A., contando ainda com a consultoria da Universidade dos Açores, por meio da Fundação Gaspar Frutuoso e do Instituto Politécnico de Castelo Branco (Escola Superior Agrária).
O objetivo deste GO é contribuir para um melhor conhecimento e combate a três espécies de mosca economicamente importantes: D. suzikii, Ceratitis capitata e Bactrocera dorsalis.
O projeto teve início em janeiro de 2018 e deverá estar concluído em dezembro de 2020
Para D. suzikii pretende-se:
– Desenvolver métodos expeditos para monitorizar populações em diferentes condições ecológicas;
– Identificar os principais fatores de risco, como hospedeiros alternativos às culturas (repositórios) e temperaturas limite (superior e inferior) para voo a partir das curvas de voo; temperatura e relação com forma invernal;
– Definir estratégias de proteção da cultura, em especial medidas preventivas e avaliação de eficácia de técnicas de captura em massa ou outros meios de proteção inovadores (culturas armadilhas e produtos repelentes).

Atividades desenvolvidas
No âmbito do projeto foram estabelecidos cerca de 30 Postos de Observação Biológica para as 3 moscas em estudo.
No que se refere a Drosophila suzukii, foram estabelecidos POB na zona do Beira Interior na cultura da cereja e medronho, na zona Oeste na cultura da ameixa, na zona de Santarém na cultura da uva de mesa, em Odemira na cultura da framboesa e no Algarve também em pequenos frutos. No ano de 2019, foi solicitado que integrássemos extra-projeto mais um POB na zona de Vouzela na cultura do mirtilo.
Nestas 6 zonas foram instalados ensaios comparativos de armadilhas para a monitorização, utilizando algumas soluções existentes no mercado, assim como uma nova armadilha desenvolvida pela equipa do projeto, utilizando diferentes atrativos (vinagres).
Está a ser feita a identificação de hospedeiros alternativos nestas diferentes zonas, além da monitorização durante todo o ano, a fim de se conhecer o ciclo da praga nas diferentes regiões e culturas, pois já se conseguiu perceber que a praga poderá ter comportamentos diferentes relativamente a estas condições (região e cultura).
Iniciou-se já o segundo ano de observações e espera-se, no final deste ano, iniciar a divulgação de alguns resultados mais consolidados. Durante este ano irão ser realizados alguns dias abertos nas diferentes regiões, para visitar os ensaios instalado serão divulgados brevemente pelo COTHN-CC e na página do projeto.
Equipa do GO FruitFlyProtec
Maria do Carmo Martins (COTHN)
Elisabete Figueiredo (ISA)
Maria do Céu Godinho (ESA/IPS)
José Coutinho (ESA/IPCB)
Publicado na Voz do Campo n.º 227 (junho 2019)