Previsões Agrícolas
As previsões agrícolas, em 31 de julho, apontam para um ano agrícola de alguma normalidade hidrológica, após dois anos marcados pela seca meteorológica severa.
A colheita dos cereais de outono/inverno está concluída, confirmando aumentos generalizados de produtividade, em resultado das condições meteorológicas favoráveis registadas ao longo de todo o ciclo vegetativo.
A abundante produção de matéria verde para pastoreio permitiu que a alimentação dos efetivos fosse realizada sem necessidade de suplementação antecipada, o que equilibrou o setor agropecuário extensivo.
A instalação das culturas de primavera/verão decorreu com normalidade, com a campanha de regadio garantida nos principais perímetros de rega. No entanto, a área de milho para grão de regadio deverá ser inferior à semeada em 2023 (-15%), com a descida do preço desta commodity a desincentivar a sua instalação. As culturas de primavera/verão apresentam um desenvolvimento regular, embora se anteveja uma produtividade do tomate para a indústria inferior à de 2023. Na batata, a baixa produtividade, resultado do frio e da humidade, aliada a uma redução da área para o menor valor da série histórica, faz antever um mau ano de produção.
As produtividades dos pomares de macieiras e pereiras da região do Oeste, embora superiores às da campanha passada, deverão ser consideravelmente inferiores aos níveis de produtividade potenciais. Em contrapartida, no Douro Sul as condições meteorológicas foram mais favoráveis ao bom desenvolvimento das pomóideas.
No pêssego, as expetativas de uma boa campanha foram goradas pelas chuvas e granizos de final de junho, que causaram feridas e podridões, deteriorando a produção, que deverá ser inferior em 5%, face a 2023. Como tem vindo a ser referido, a produção de cereja na Cova da Beira foi muito penalizada pelas condições registadas na floração e no vingamento dos frutos e, posteriormente, pelas chuvas de maio e junho, que provocaram a diminuição da qualidade e anteciparam o final da colheita.
A campanha vitivinícola foi marcada por intensa pressão de doenças criptogâmicas, o que causou uma redução de produção em todas as regiões (excetuando em Trás-os-Montes, Tâmega-Varosa, Beira Interior e Algarve) que, globalmente, deverá rondar os 8%.
Gado, aves e coelhos abatidos
O peso limpo total de gado abatido e aprovado para consumo em junho de 2024 foi 35 855 toneladas, o que correspondeu a um decréscimo de 2,9% (+0,6% em maio), devido ao menor volume de abate de bovinos (-4,7%) e suínos (-2,9%). O peso limpo total de aves e coelhos abatidos e aprovados para consumo foi 31 219 toneladas, o que representou uma diminuição de 6,8% (+6,8% em maio), registando-se um menor volume de abate de galináceos (-7,4%), patos (-26,7%), codornizes (-14,9%) e coelhos (-40,3%).
Produção de aves e ovos
O volume de frango aumentou 9,1%, com uma produção que totalizou 27 975 toneladas (+5,4% em maio), tendo
em número de cabeças registado também um acréscimo de 12,2% (-0,4% em maio). A produção de ovos de galinha para consumo, pelo contrário, teve uma redução de 1,6% (-2,8% em maio), com 9 377 toneladas produzidas.
Produção de leite e produtos lácteos
A recolha de leite de vaca foi 161,2 mil toneladas, um decréscimo de 2,0% (-1,5% em maio). O volume total de
produtos lácteos assinalou também uma diminuição de 1,3% (-1,0% em maio), justificada pelo menor volume de leite para consumo (-1,1%), leites acidificados (-0,8%), nata para consumo (-18,1%) e manteiga (-1,7%).
Pescado capturado
O volume de capturas de pescado em Portugal diminuiu 18,5% (-16,5% em maio), justificado pela menor captura de peixes marinhos (nomeadamente cavala), mas também de moluscos e crustáceos. Às 11 086 toneladas de pescado correspondeu uma receita que totalizou 28 174 mil euros, valor que representou também um decréscimo de 3,4% (-12,2% em maio). O preço médio do pescado descarregado foi 2,41 Euros/kg, ou seja, um aumento de 16,1% (+3,7% em maio).
Preços e índices de preços agrícolas
Em julho de 2024, as variações mais significativas no índice de preços de produtos agrícolas no produtor, foram
observadas no azeite a granel (+40,2%), batata (+35,3%), ovinos e caprinos (+23,5%), ovos (-14,7%) e suínos
(-7,2%).
Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se na batata (+23,4%) e azeite a granel (-14,4%).
Em junho de 2024, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) registou um acréscimo de 0,6% e o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) registou uma variação positiva de 4,4%. Relativamente ao mês anterior, verificou-se um decréscimo de 0,1% na variação do índice de preços de bens e serviços de consumo corrente enquanto que, no índice de preços de bens e serviços de investimento, se observou uma descida de 0,3%.
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O artigo foi publicado originalmente em INE: publicações.