Embora as borboletas sejam frequentemente associadas a espécies diurnas, esta perceção não reflete a verdadeira diversidade deste grupo de insetos. Em Portugal, existem quase 2800 espécies de borboletas, das quais cerca de 95% são noturnas. Estes insetos desempenham um papel essencial nos ecossistemas, tanto como polinizadores quanto como bioindicadores da qualidade ambiental.
Os insetos noturnos, incluindo as borboletas, são fundamentais para a manutenção dos ecossistemas naturais e agrícolas. Apesar de algumas espécies serem consideradas pragas devido ao impacto das suas lagartas em culturas agrícolas, a grande maioria desempenha funções ecológicas valiosas. Como polinizadores, contribuem para a reprodução de diversas plantas, incluindo espécies utilizadas na alimentação humana. Além disso, a sua presença e abundância são indicadores do estado de conservação dos habitats onde ocorrem.
A monitorização das borboletas noturnas é essencial para compreender a saúde dos ecossistemas e avaliar o impacto das atividades humanas na biodiversidade. O acompanhamento das suas populações permite criar inventários detalhados das espécies presentes, identificar tendências ao longo do tempo e perceber os efeitos das alterações ambientais, como a degradação de habitats ou as mudanças nas práticas agrícolas e florestais.
Além do seu papel na conservação, a monitorização das borboletas noturnas pode contribuir para a deteção precoce de novas espécies, incluindo potenciais pragas agrícolas e florestais. Também possibilita um melhor acompanhamento de espécies já conhecidas como pragas, ajudando a prever a sua dinâmica populacional e a adotar medidas de gestão mais eficazes e sustentáveis.
Investir no estudo e monitorização destes insetos não só fortalece o conhecimento científico e a conservação da biodiversidade, mas também apoia a implementação de práticas agrícolas e florestais que conciliam produtividade e sustentabilidade.
Fonte: Helder Cardoso