A produção de castanha no concelho de Marvão, distrito de Portalegre, registou este ano uma quebra em relação à campanha do ano passado, havendo até mais fruto, mas de calibre inferior, estimaram hoje produtores da região.
Em declarações à agência Lusa, o produtor de castanha Miguel Pires calculou que a quebra seja de “15% a 20%”, salientando que o resultado “não é em termos do número de frutos, mas por via da redução do calibre, que, depois, se traduz no peso final”.
“Houve muitos ouriços [género de cápsula onde cresce o fruto], mas não encheram na totalidade e a castanha, como costumamos dizer, não ‘engordou’ e isso acaba por ter expressão na diminuição do peso final da campanha”, destacou.
Assinalando que “até houve mais castanha”, este produtor de Marvão considerou que o aumento do número de frutos resultou do ano seco, pois “a chuva, quando cai na época da floração, destrói a flor que há de vir a vingar em fruto”.
Por outro lado, explicou, “a castanha não desenvolveu tanto porque o ano foi mais seco que o normal”, mas “a qualidade é muito boa”.
“Não havendo tanta humidade, não houve condições para que a castanha possa sofrer com pragas ou doenças”, frisou.
Também em declarações à Lusa, o produtor José Mário contou que, face a 2023, tem este ano “muito menos” produção da variedade Clarinha, que está agora a cair das árvores, e disse estimar uma quebra de 50%.
Ainda assim, a castanha desta variedade, uma das três nas zonas de Marvão e Portalegre com Denominação de Origem Protegida (DOP), “tem um bom calibre”, em relação à campanha de 2023, sublinhou.
José Mário indicou que, quanto à variedade Bária, também com classificação DOP e a primeira a cair das árvores, a produção “até não foi muito má”, já que “houve muita castanha, talvez mais 40%, mas de calibre baixo”.
“Os castanheiros tinham muitos ouriços, mas algumas castanhas não cresceram no ouriço e ficaram ‘fanecas’ e, num ouriço que normalmente dava três castanhas, deu uma”, relatou, atribuindo ao clima a causa das quebras.
Este produtor frisou que o preço da castanha manteve-se, em relação ao ano anterior, notando que um fruto de calibre pequeno tem “um valor mais baixo e, algumas, até nem compensa apanhar, porque a venda não dá para pagar a mão-de-obra”.
“Uma castanha calibrada e escolhida anda na ordem dos três euros e o calibre mais baixo ronda um euro ou 1,20 euros. Essa, normalmente, mandamos para a indústria de transformação”, precisou.
Miguel Pires observou igualmente que o preço da castanha estabilizou nos níveis da campanha de 2023, ainda que possa variar tendo em conta a variedade e o calibre.
“Há castanhas que são pagas a um preço maior, 3,5 ou quatro euros, e ao consumidor final, se calhar, cinco e seis euros”, enquanto “há variedades de calibres mais pequenos que podem custar um ou 1,5 euros”, corroborou.
Na zona de Marvão, com um microclima considerado único, proporcionado pela serra de São Mamede, predominam nos campos as espécies Bária e Clarinha, mas também há da variedade Bravo, igualmente DOP, e outras portuguesas e estrangeiras.
Marvão acolhe, este fim de semana, a 40.ª edição da Festa do Castanheiro – Feira da Castanha, tendo a câmara comprado mais de 4.000 quilos deste fruto a produtores locais para serem consumidos durante o evento.