
O átrio interior, imponente, da pousada de Viseu ficou apinhado neste domingo no almoço do Bloco de Esquerda, uma réplica para o interior da iniciativa que o partido fez na véspera em Lisboa, mais vocacionado para militantes do litoral.
A avaliar pela presença em massa de militantes do partido (o que levou elementos do ‘staff’ a terem de almoçar em espaço contíguo, pois ficaram sem lugar no salão ‘premium’), a aposta foi ganha.
Em primeiro lugar, o ineditismo da escala de oradores teve bom resultado. Seis cabeças de lista (Guarda, Vila Real, Castelo Branco, Portalegre, Bragança e Viseu) intervieram antes de Catarina Martins. O que temeu na bancada de imprensa vir a tornar-se uma enfadonha maratona de discursos revelou-se, afinal, uma bem oleada e sincronizada prova de estafetas: cada candidato ocupou o púlpito por pouquíssimos minutos, o que num ápice deu o palco a Catarina Martins.
A coordenadora do Bloco garantiu que a proposta do seu partido para o interior “é tão comprometida e séria como todas as outras”. E o principal compromisso do BE ficou assumido de forma clara em terras beirãs: “Um programa de reabertura de sérvios públicos do território”, como forma de “aumentar a coesão” do país, disse Catarina Martins.
Não será, contudo, uma reversão a eito, advertira antes a líder do BE, com realismo político: “Não seria sério dizer que vamos reabrir todos os serviços públicos que fecharam”, afirmou.
Mas há uns mais necessários do que outros. Entre os exemplos para figurar nesse caderno de encargos, a menção a uns “CTT públicos” arrancou uma das maiores ovações do início da tarde.
Falando para uma plateia do interior, outras propostas do Bloco foram naturalmente enunciadas por Catarina Martins: a defesa do seu plano ferroviário nacional; novas políticas para a agricultura, florestas e infraestruturas; ou a criação do banco de terras, para assim “defender as comunidades rurais” (“para os pequenos proprietários que cá vivem e que cá querem viver”.
Esforço para eleger um deputado em Viseu
O Bloco joga todas as fichas neste domingo no interior, e por alguma razão a cidade escolhida foi Viseu: o partido aposta na eleição do primeiro deputado pelo distrito (Bárbara Xavier).
É à custa do deputado centrista Hélder Amaral (novamente candidato) que os bloquistas desenvolvem a sua estratégia. “As europeias já mostraram o BE a ultrapassar o CDS em Viseu”, disse Catarina Martins. Logo a abrir a sua intervenção, afirmara: “Em Viseu não estamos condenados a escolher sempre mais do mesmo”.
Como aconteceu no sábado, a campanha do Bloco tem neste domingo apenas duas iniciativas. Na verdade, a segunda é um complemento da primeira. As cerca de duas centenas e meia de pessoas presentes no almoço farão, depois da sobremesa e do café, uma arruada na cidade.
Também esta ação é uma “primeira vez” para o Bloco, que assim desfila na cidade capital de um distrito que já foi o Cavaquistão, e onde à esquerda apenas o PS assomava.
Na segunda-feira, a campanha bloquista volta aos distritos do litoral, de onde não mais sairá. Mas os marcos para o resto do território foram marcados neste domingo em Viseu.