O combate à crise demográfica e ao despovoamento e a promoção de uma melhoria consistente dos níveis de rendimento são ambições apontadas hoje pelo presidente da CCDR-N para os próximos 20 anos do Douro Património Mundial.
“A data de hoje justifica uma celebração justa tanto quanto nos obriga a uma renovada ambição para os próximos 20 anos”, afirmou António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
O responsável pela entidade gestora do Alto Douro Vinhateiro (ADV) falava em Lamego, distrito de Viseu, na sessão evocativa dos 20 anos do Património Mundial da UNESCO.
Como ambições para o Douro, António Cunha apontou o “combate à crise demográfica e ao despovoamento e a promoção de uma melhoria consistente dos níveis de rendimento, que se querem distribuídos de modo mais equilibrado pela cadeia das atividades agrícolas e turísticas”.
Este território tem cerca de 190 mil habitantes, menos 30 mil do que há 20 anos, e pequenos e médios viticultores que aqui vivem queixam-se de perdas acentuadas nos rendimentos nas últimas décadas.
Os desafios futuros do território passam também, acrescentou, pelo “estudo e antecipação dos efeitos decorrentes das alterações climáticas, com a adoção de medidas concretas que promovam a sustentabilidade das atividades agrícolas e a gestão dos recursos hídricos”.
“A investigação e o desenvolvimento tecnológico, como suporte à inovação e diferenciação económica do território, são apostas imperativas”, frisou.
É, de facto, apontou, o “principal desafio desta região, conseguir valorizar melhor os seus produtos”.
Aqui ganham destaque, segundo António Cunha, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Centro da Vinha e do Vinho e o Instituto Fraunhoffer.
“O Douro deve interpretar o seu potencial no desenvolvimento de uma fileira agroalimentar de qualidade superior, gerando uma cadeia cultural e de valor que vai da terra à mesa”, salientou.
António Cunha disse que as comemorações já alcançaram um dos seus principais objetivos, ou seja, “fazer um balanço aberto” do que foi conquistado nos últimos 20 anos e “abrir um debate coletivo e desassombrado sobre o futuro” e os “desafios, ameaças e oportunidades” para os próximos 20 anos.
O responsável realçou a capacidade que o Douro demonstrou para “realizar avanços consistentes no seu desenvolvimento” e salientou que os “indicadores são indesmentíveis”.
“Resolveu alguns dos seus problemas mais graves, de escolarização e abandono escolar e de passivos ambientais”, sublinhou.
Destacou ainda a afirmação internacional dos seus vinhos tranquilos, o desenvolvimento tecnológico da viticultura e enologia, e a criação de casas de cultura de referência como os museus do Côa e do Douro.
“Internacionalizou-se como destino turístico de excelência, convergiu com os níveis de riqueza nacional e regional e melhorou indicadores de emprego, desemprego e rendimento”, referiu.
Construiu ainda, acrescentou, um “modelo de salvaguarda e gestão da sua paisagem mais rigoroso, transparente, exigente e tecnicamente mais evoluído”.
“Qualquer semelhança do conhecimento e dos instrumentos de que hoje dispomos para essa gestão, com os de há 20 anos, é uma pura e acidental coincidência”, salientou.
Até 2029, Portugal beneficiará de um “volume extraordinário” de financiamento comunitário.
“Certamente que nesta dimensão cabem projetos estruturantes, como são os casos da reativação da ferrovia e da melhoria navegabilidade do rio Douro”, frisou.