
A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) classificou esta quarta-feira de “autoritária e populista” a decisão da Universidade de Coimbra (UC) de retirar carne de vaca das cantinas a partir de 2020.
Segundo um comunicado esta quarta-feira divulgado, a Confagri “manifesta a sua total oposição à decisão claramente autoritária e populista do reitor da Universidade de Coimbra em eliminar o consumo de carne de vaca das cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020”.
Sublinhando que a Confagri “repudia o radicalismo do Reitor da Universidade de Coimbra”, Amílcar Falcão, a confederação crê ainda que a decisão é “de duvidosa legalidade, castra a liberdade de escolha das pessoas, mas também contraria a Dieta Mediterrânica, sem ter uma adequada sustentação científica”.
A Confagri defendeu também que o possível “benefício invocado de ‘emergência climática’ não pode justificar o prejuízo que esta ação irá acarretar a todo um setor”.
“A agricultura não pode ser encarada apenas como parte do problema, mas também como evidente solução, porque a floresta, a pecuária, o olival, entre outras atividades, contribuem significativamente para a captura de carbono, logo, o processo de descarbonização também se faz com o recurso à agricultura e com os agricultores”, pode ler-se no comunicado da confederação.
Citado no documento, o presidente da Confagri, Manuel dos Santos Gomes, afirma que as mudanças de comportamentos decorrentes das alterações climáticas “têm de ser feitas com responsabilidade e consciência social, não de forma demagógica e radical”.
“A descarbonização, sendo meta a perseguir até 2050, deve assentar no que se refere à produção bovina, em bases científicas e não em tiradas populistas sem qualquer suporte científico”, acrescentou o responsável.
A UC vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020, anunciou na terça-feira o reitor, Amílcar Falcão.
A carne de vaca será substituída “por outros nutrientes que irão ser estudados, mas que será também uma forma de diminuir aquela que é a fonte de maior produção de CO2 que existe ao nível da produção de carne animal”.
“Vivemos um tempo de emergência climática e temos de colocar travão nesta catástrofe ambiental anunciada”, sublinhou, na sua intervenção, perante centenas de alunos.
Hoje, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, considerou ser “relevante” que uma Universidade como a de Coimbra “tudo faça”, com o objetivo de ser neutra em carbono.
“Parece-me relevante que uma universidade, neste caso a de Coimbra, tudo faça com o objetivo de ser neutra em carbono em 2030. Esta é uma medida, obviamente outras terão que lhe seguir”, disse o governante, sublinhando no entanto a autonomia das universidades sobre esta matéria.