Do corte de uvas a lagaradas, provas de vinho, piqueniques, passeios nas carrinhas Bedford ou até um batismo num trator de lagartas, as quintas diversificam experiências nesta época de vindimas para revelar o Douro aos turistas.
As vindimas culminam um ano de trabalho na vinha e são uma atração turística na Região Demarcada do Douro, onde muitas quintas e adegas abrem as portas e proporcionam as mais variadas experiências aos visitantes.
“Gostamos de partilhar esta altura de festa. É a altura mais procurada e é a altura em que se torna mais fácil passar esta nossa paixão pelas nossas raízes, pela nossa terra e pelo Douro. Tudo está assim à vista, as experiências são muito visuais e é muito, muito fácil toda a gente ficar apaixonada”, afirmou Sandra Dias, da Quinta da Pacheca.
Nesta propriedade, localizada em Lamego, os programas são variados e os turistas podem ir para a vinha cortar uvas, entrar nos lagares de granito e fazer uma pisa a pé, provar vinhos e usufruir de refeições tradicionais.
Os que ali chegam vêm de países como o Brasil, Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Inglaterra, França ou Alemanha.
“Procuram experiências, levar memórias”, concretizou Sandra Dias, que referiu que o ano turístico está a “ser incrível” nesta quinta, em linha com o ano passado.
O brasileiro Vítor Melo, 70 anos, vindimou e entrou no lagar, e considerou que esta “foi uma experiência única” que desejava concretizar há muito tempo.
Na Quinta do Monte Travesso, Tabuaço, para além das casas de campo e provas de vinho, os turistas podem também fazer piqueniques, dar um passeio numa antiga carrinha de caixa aberta Bedford e fazer o “batismo no lagartas”, ou seja, conduzir um trator de lagartas pela vinha.
As antigas carrinhas Befdord voltam a estar na moda no Douro, depois de terem caído em desuso, e são usadas para o trabalho nas vinhas de encostas íngremes e como meio de transporte para turistas.
A propriedade tem também um espaço para aparcamento de autocaravanas.
“Cada vez mais nós temos que nos reinventar e por isso a aposta em diferentes atividades. Tudo isso são complementos para alavancar o projeto”, afirmou Bernardo Nápoles, que apontou o aumento exponencial dos custos de produção, a redução das produções devido às alterações climáticas e a importância de vender o produto à porta, diretamente, para o valorizar.
Rachel Paalman, 31 anos, está há dois meses na estrada com a sua pequena autocaravana. É dos Países Baixos, realçou a paisagem de vinhas que vê ao abrir a porta da viatura, disse que gostou de conduzir o trator, mas destacou como melhor experiência a prova de vinhos.
O crescimento do turismo em 2023, na região Norte, sente-se também no sub-destino Douro.
“Está a ser um excelente ano. Uma recuperação meteórica”, afirmou à agência Lusa Luís Pedro Martins, da entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP).
O responsável apontou para um “notório crescimento” do turismo no primeiro semestre de 2023 em toda a região, com destinos como o Porto, Minho e o Douro a crescerem a um “ritmo mais forte”, taxas de ocupação a rondar “os 80%”, um aumento generalizado das receitas (mais 35,7% em relação a 2022), do número de hóspedes (22,4%), dormidas (22,3) e de visitantes estrangeiros (33,8%).
O ‘ranking’ de turistas, detalhou, é liderado pela Espanha, França, EUA, Brasil e Alemanha, com “novidades” a nível do mercado irlandês e italiano.
A cada ano o Douro procura diversificar a oferta e as experiências que proporciona a quem o visita.
“Mais do que uma visita à Quinta do Seixo, esta experiência permite viver de perto a alegria e azáfama da vindima no Douro. É uma excelente oportunidade para sentir a cultura do vinho, valorizar o trabalho da sua gente e perceber a importância de uma boa colheita”, referiu Joana Pais, da Sogrape, citada em comunicado e referindo-se à propriedade localizada em Tabuaço.
Em Sabrosa, na sede do consórcio Lavradores de Feitoria, o desafio é para ser “Enólogo por um dia” e o programa, mais procurado por estrangeiros, inclui uma visita guiada à vinha, adega, linha de engarrafamento, garrafeira e sala de barricas, seguindo-se uma prova.
A Real Companhia Velha lançou o programa “No Douro, vamos vindimar na Quinta das Carvalhas”, em São João da Pesqueira, que junta a apanha de uvas, visita aos jardins e à mata mediterrânica, a identificação de castas da região e uma subido ao topo da propriedade, a 500 metros de altitude.
Do outro lado do rio Douro, a Quinta da Roêda, no Pinhão (Alijó), propõe uma viagem ao mundo dos vinhos e à sua produção com paragem nos lagares de granito para a tradicional pisa da uva, piqueniques e provas de vinho.
Também no Pinhão, a Quinta do Bomfim, propriedade da Symington Family Estates, lançou uma nova prova de vinhos a que chamou “The Specialist” e criou o espaço para piqueniques “Merenda na Vinha”, sendo possível passear na vinha e conhecer a coleção de castas da família, um projeto que visa a preservação de variedades de castas menos conhecidas e estudar as castas que melhor se adaptam às alterações climáticas.
A CP – Comboios de Portugal associou-se à festa no Douro com um programa preparado para os dias 09 e 23 de setembro, com partida do Porto e que leva os turistas até ao Pinhão para uma experiência que inclui a vindima na Quinta da Avessada, almoço regional e lagarada.