No próximo sábado, dia 08 de Fevereiro, pelas 16h, realiza-se a estreia regional do documentário “O Paradoxo da Energia Verde”, do realizador Fernando Antunes Amaral, na Sala da Concha no Casino Fundanense. O visionamento do documentário será seguido de um debate, promovendo uma reflexão coletiva e um diálogo aberto a diferentes perspetivas, tanto as apresentadas no filme quanto as trazidas pelos convidados.
Convidados para o Debate:
- Câmara Municipal do Fundão (Presidente Paulo Fernandes)
- Central de Biomassa do Fundão (indisponível)
- Associação de Moradores do Sitio da Gramenesa (Fernanda Andrade)
- Acréscimo (Paulo Pimenta de Castro)
- Biofuelwatch (Oliver Munnion)
- Direito ambiental (Alexandra Aragão)
- Partidos Políticos: PSD (Rogério Hilário); BE (Cristina Guedes); CDU (Catarina Gavinhos); PS (Tiago Monteiro)
Moderação: Quercus Castelo Branco – Graça Passos
Programa:
- 16:00h – Documentário “O Paradoxo da Energia Verde” – estreia regional
- 16:30h – Debate
Enquadramento:
Na União Europeia, a produção de eletricidade a partir da biomassa florestal é financiada como estratégia para atingir a neutralidade carbónica, uma vez que urge resolver o grave problema das alterações climáticas. No entanto, a comunidade científica tem denunciado esta falácia, alertando que a sua queima é mais prejudicial do que a do gás natural e até do carvão.
Apesar disso, por cá, o Estado investiu na criação de centrais de biomassa de grande escala e apresentou-as como a chave para resolver o grave problema dos incêndios florestais.
Passados 20 anos, estas centrais não só não resolveram nada como criaram mais problemas. A tendência da área ardida não se inverteu, queimam troncos em vez de sobrantes florestais, consumindo as florestas, poluem o ar, o solo e a água e tornam a vida negra às populações onde estão instaladas.
A promessa de muitos postos de trabalho converteu-se em subcontratação, sem qualquer impacto positivo na economia local, e agora temos empresas sem rosto com quem os moradores não conseguem falar. A central de biomassa do Fundão é um exemplo concreto desta dinâmica, que se está a espalhar pelo país e, por isso, é abordada no documentário “O Paradoxo da Energia Verde”, que faz uma reflexão sobre os desafios da transição energética.
Vivemos uma época em que o poder político está cada vez mais capturado pelo poder económico. Mas há algo de poderoso que pode repor o equilíbrio perdido: a sociedade civil. Urge que esta ocupe o espaço público e refaça todas as relações que têm sido cortadas pelo individualismo e pelo consumismo, de forma a que os cidadãos que exercem cargos políticos não fiquem sozinhos, face ao poder económico — tão manipulador e tão poderoso a tomar decisões que impactam a vida de todos os
Urge que cada pessoa assuma o seu papel de cidadã e que, em conjunto, se desperte a inteligência coletiva que tem estado adormecida. Há soluções exequíveis para resolver os graves problemas que nos ameaçam, mas só podem ser postas em prática se reativarmos a nossa sabedoria coletiva para preservar os bens comuns (solo, água, ar, biodiversidade, minerais, …). É nesse sentido que a Quercus Castelo Branco e a Acréscimo propõem esta reflexão.