A organização Frente Animal anunciou hoje ter sido alvo de uma ação judicial por parte da empresa proprietária das lojas Pingo Doce, após a denúncia de práticas inadequadas em empresas que fornecem frango aos supermercados da cadeia.
“A divulgação de imagens provenientes de uma investigação que expõe práticas inadequadas no tratamento de animais nas empresas fornecedoras de frango às lojas Pingo Doce pela ONG Frente Animal, levou a empresa a responder através de uma providência cautelar, cujo objetivo é levar a ONG a interromper sua campanha #FimdoDoce”, anunciou a organização, em comunicado.
A campanha, iniciada no final de 2024, gerou polêmica ao denunciar “o tratamento cruel a que as galinhas são submetidas, nas empresas fornecedoras de frango à rede de supermercados”, afirmou a ONG.
“As imagens reveladas pela investigação mostram frangos em condições alarmantes: incapazes de se mover, feridos de forma violenta e até empilhados entre cadáveres de outros animais”, seguiu a mesma fonte.
A Frente Animal (FA) tem apelado para a adesão da empresa ao European Chicken Commitment (ECC), um compromisso europeu que exige que as empresas signatárias melhorem substancialmente as condições dos animais, incluindo o acesso à luz natural, mais espaço disponível e a adoção de raças de crescimento mais lento, minimizando, assim, os danos causados pelo crescimento rápido e as doenças associadas.
“O Pingo Doce não se comprometeu até ao momento a adotar essas melhorias e, antes pelo contrário, decidiu por dirigir uma ação legal contra a Frente Animal, onde exige que a ONG interrompa imediatamente a campanha e remova todos os conteúdos relacionados com a mesma das plataformas online”, acrescentou a organização.
De acordo com a Frente Animal, o retalhista exige uma compensação de 2.000 euros por cada dia em que a campanha permanecer no ar.
“Nesta providência cautelar, a empresa alega que as imagens não podem ser associadas às empresas que fornecem frango ao Pingo Doce, porém, mais recentemente, várias reportagens evidenciaram que efetivamente foram detectadas práticas preocupantes e ilegais de maus-tratos a animais numa das maiores empresas fornecedoras de frango industrial em Portugal, a Lusiaves, a qual fornece igualmente o supermercado Pingo Doce”, referiu a organização.
Em dezembro, a FA acusou a cadeia de super e hipermercados Pingo Doce de recorrer a fornecedores responsáveis por maus-tratos a frangos, exortando-a a “mudar as políticas e práticas de bem-estar animal”.
O Pingo Doce rejeitou de forma categórica as acusações da Frente Animal, em resposta enviada à agência Lusa.
De acordo com a nota emitida pela empresa na altura, as companhias do Grupo Jerónimo Martins, em que se inclui o Pingo Doce, fazem regularmente auditorias de qualidade e segurança alimentar, “tanto no processo de seleção de novos fornecedores de perecíveis e marca própria, como também para monitorizar os atuais fornecedores nas fases de desenvolvimento e produção”.
As auditorias “incluem critérios de bem-estar animal” e “em nenhuma (…) foram identificadas situações como as descritas pela Frente Animal”, adiantou a empresa.