O Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil (SinFAP) expressa o seu profundo agradecimento e apoio a todos os operacionais que estão na linha da frente deste combate, enfrentando condições extremamente adversas para proteger as comunidades e o território. Reconhecemos o esforço e a dedicação incansável de todos os envolvidos, onde nos chegam relatos de exaustão e dificuldades físicas devido ao trabalho acumulado ao longo destes diversos dias.
A Ilha da Madeira está, neste momento, a enfrentar um incêndio que já dura oito dias, expondo as complexidades e desafios que a RAM – Região Autónoma da Madeira enfrenta na prevenção e combate a incêndios florestais. A orografia acidentada, os difíceis acessos e as limitações das operações aéreas têm revelado a necessidade urgente de uma revisão profunda das estratégias de resposta e prevenção.
Neste momento crítico, é vital que todos os intervenientes, tanto a nível local como regional, mantenham uma comunicação clara, coerente e unificada. Apelamos à moderação no discurso público, evitando declarações que possam desviar o foco das ações necessárias para controlar e extinguir os incêndios. Torna-se relevante os responsáveis políticos assumirem os seus papeis e concentrarem-se na resolução do problema com disponibilização de meios e recursos aqueles que estão no terreno, sobre as políticas publicas de proteção civil ou a falta delas será tema a debater pós ocorrência e aí cada uma terá de assumir as suas reais
responsabilidades.
Somos da opinião que diante uma catástrofe desta envergadura, exigir demissões sem soluções é apenas um exercício simplista e bacoco, exigimos sim que se agreguem forças e se extinga o incêndio. Após isso, deve haver lições apreendidas e com isso apresentar soluções (que é o que nos move) e cada decisor perceber se agiu corretamente e se tem condições de se manter no lugar que ocupa.
Antes de pensarmos em mudanças precisamos de arranjar soluções já com vista ao inverno e há época de chuvas que irão trazer problemas para a RAM, assim somos da opinião que se devia desde já:
- Avaliação dos danos em infraestruturas afetadas pela passagem do incêndio bem como verificar o estado da vegetação na IUF (por exemplo árvores em risco de queda) por forma a validar as suas condições de segurança para o retorno da população deslocada e para reposição da normalidade;
- Avaliação da necessidade de apoio psicológico à população ou aos operacionais;
- Controlo da erosão dos solos após perda de cobertura vegetal, utilizando técnicas como plantio de cobertura, construção de barreias ou estabilização de encostas (a orografia da Madeira potência esta situação!);
- Implementar programas de reflorestação com espécies nativas para restaurar o ecossistema;
- Proteger e monitorizar as fontes de água para evitar contaminação por cinzas e outros detritos, e garantir que os sistemas de abastecimento de água estão a funcionar corretamente;
Diante os desafios enfrentados, acreditamos que é essencial uma revisão e fortalecimento das estratégias de planeamento e prevenção de incêndios na Ilha da Madeira. Como nos pautamos por ser solução e não mais um problema propomos:
- Mapeamento Detalhado das Áreas de Risco
- Infraestruturas de Prevenção (ex. aceiros, pontos penetrantes em zonas de difícil acesso e pontos de água).
- Apoio à Agricultura e Manutenção da Paisagem (ex. Incentivos à agricultura sustentável e à manutenção da paisagem rural).
A capacidade de resposta aos incêndios na Ilha da Madeira também necessita de melhorias significativas, assim defendemos:
- A Valorização Salarial dos Bombeiros
- Reforço dos Meios Humanos e Materiais
- Melhoria das Operações Aéreas (revisão e expansão dos meios aéreos, com ênfase em aeronaves adaptadas para operar em áreas de difícil acesso e em condições meteorológicas adversas).
- Formação e Exercícios de Proteção Civil
Finalmente, olhamos para o futuro com a convicção de que é possível transformar a Madeira num exemplo de resiliência e preparação. Onde propomos:
- Criar um Plano Integrado de Gestão de Incêndios
- Sistemas de Monitorização e Alerta Baseados em Inteligência Artificial
- Uso de Drones para Vigilância e Intervenção Rápida
- Criar Faixas Verdes de Vegetação Nativa Resiliente ao Fogo
- Infraestrutura de Aceiros
- Aplicação de Tintas Retardantes de Fogo em Infraestruturas Críticas
- Reforço da Capacidade de Intervenção Local com Equipas de Resposta Comunitária
- Aproveitamento de Energia Solar para Sistemas de Irrigação Automatizada
- Programas de Incentivo à Agricultura Regenerativa
- Campanhas de Sensibilização com Realidade Virtual (RV)
- Desenvolvimento de Parcerias com Instituições Científicas para Pesquisa e Inovação
- Investir em estudos sobre os efeitos a longo prazo dos incêndios no ecossistema local e nas comunidades, utilizando os dados para melhorar as políticas públicas.
Acreditamos que, com a implementação destas medidas, poderemos reduzir significativamente o impacto dos incêndios na Ilha da Madeira, protegendo não só o ambiente natural, mas também as vidas e o bem-estar da comunidade e apostando na capacitação e no reforço dos trabalhadores que compõem o sistema de proteção civil da RAM.
Fonte: SinFAP