A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) alertou hoje para o agravamento da situação meteorológica no território do continente, nos próximos dias, devido à depressão “Martinho”, com precipitação por vezes forte, vento e agitação marítima.
De acordo com o adjunto operacional nacional da ANEPC, Alexandre Penha, as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para “as próximas 48 horas” dão nota de “um agravamento geral do estado do tempo, caracterizado por um aumento da precipitação” e do “nível da água de algumas bacias hidrográficas”.
“Ao mesmo tempo, nesse mesmo período temos a altura da maré cheia nos principais portos e nas zonas costeiras, o que poderá agravar ainda mais algumas situações de cheia urbana, sobretudo nos centros urbanos”, esclareceu o adjunto operacional nacional, em conferência de imprensa em Carnaxide, no concelho de Oeiras.
“Estamos a preparar o envio de um SMS à população para as áreas que são mais afetadas”, adiantou o responsável da ANEPC, especificando tratar-se “a região de Leiria”, “a região do Grande Lisboa, incluindo a península de Setúbal”, bem como “a bacia do baixo Alentejo” e “do Algarve”, onde “é mais expectável” sentir-se o efeito da depressão Martinho.
Além de aguaceiros favoráveis à ocorrência de fenómenos extremos de vento, sobretudo nas regiões Centro e Sul”, as previsões apontam “agitação marítima forte a sul do Cabo Mondego” e “queda de neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela”.
De acordo com informação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Proteção Civil salientou que, nas próximas 48 horas, na bacia do Tejo, “nas bacias urbanas poderão ocorrer uma subida de caudais, possibilidade de inundações”, e, nas bacias urbanas e ribeiras do Oeste, com base na precipitação horária obtida através de modelos meteorológicos, “nas bacias urbanas (Cascais, Oeiras, Lisboa, Loures, Odivelas, Setúbal) poderão ser previstas precipitações com tempo de retorno de entre cinco e 10 anos”.
No bacia do Sado prevê-se a possibilidade de subida dos caudais afluentes ao barragens” e os caudais no rio Sado poderão aumentar”, na bacia do Guadiana, “as afluências à Monte Novo poderão aumentar” e “ocorrer um aumento do caudal no Guadiana”, enquanto na bacia das ribeiras do Algarve (Sotavento) “poderá ocorrer uma subida de caudais”.
“Este quadro prognosticado deverá ser mais gravoso a partir da tarde do dia 19 de março e a manhã do dia 20 de março”, destacou a ANEPC, sendo previsível “a ocorrência de inundações em zonas urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais por obstrução dos sistemas de drenagem ou por galgamento costeiro” e “a possibilidade de cheias motivadas pelo transbordo do leito de alguns rios e ribeiras”.
A instabilidade de vertentes, “conduzindo a movimentos de massa (deslizamentos, derrocadas e arrastamento de materiais sólidos para as infraestruturas rodoviárias e ferroviárias)”, com impacto “nas vias de comunicação e no funcionamento do escoamento de solo” também é referida no aviso, assim como o “piso rodoviário escorregadio e eventual formação de lençóis de água”, além de possíveis “danos em estruturas na costa, derivado à forte agitação marítima”.
A Proteção Civil recomendou ainda a possibilidade de “arrastamento para as vias rodoviárias de objetos soltos ou desprendimento de estruturas móveis”, tal como o reforço da vigilância para evitar episódios de “acidentes devido à formação de lençóis de água ou veículos em circulação no processo de cheia, bem como evitar atravessamentos de ribeiras e zonas inundadas”.
O impacto dos efeitos do mau tempo pode, de acordo com a ANEPC, ser “minimizado, sobretudo através de adoção de comportamentos adequados”, apelando a proteção especial para a circulação e permanência junto das áreas ribeirinhas, além da necessidade dos sistemas de escoamento das águas pluviais”.
“A fixação de estruturas soltas, nomeadamente, chapas e andaimes” e o “corte preventivo de vias rodoviárias e ferroviárias, face a inundações em função da áreas arborizadas” ou “junto da costa e zonas ribeirinhas” fazem também parte das medidas previstas.
Perante este cenário, Alexandre Penha afirmou que a Proteção Civil solicitou à população “a tomar maior cautela e acompanhar as informações meteorológicas e indicações da Proteção Civil e forças de segurança”.
Em relação ao vale de Santarém, o responsável operacional avançou que está interdita das “vias que já estão alagadas” e vai continuar a fazer-se “a monitorização dos caudais do rio Tejo e dos principais afluentes, em colaboração com a APA”.