
Foi com objetivo de fazer a ligação entre os agricultores e as empresas fornecedoras de fatores de produção, assim como congregar as principais entidades que colaboram com o setor agrícola da Região Centro, em particular no Vale do Mondego, que a Escola Profissional Agrícola Afonso Duarte, com a colaboração da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro e da Cooperativa Agrícola de Montemor-o-Velho avançou para a organização da segunda edição do evento Mondego Agrícola – Feira das Culturas – que aconteceu no início de setembro.
A primeira edição desta iniciativa aconteceu há dois anos, fruto de um dos desígnios da Escola – abertura à comunidade -, conforme adianta à nossa reportagem o diretor da EPAAD, Joaquim Carraco. Já antes deste evento era habitual existir um Dia Aberto, mais vocacionado para a cultura do milho e sempre com a preocupação envolver as empresas e desenvolver a componente prática na formação dos alunos.
Com a Mondego Agrícola a tocar essencialmente três culturas: milho, arroz e batata, os alunos acabam por ter ali uma oportunidade de formação única através do contacto direto tanto com as culturas como com técnicos especialistas. Do mesmo modo, os agricultores podem reforçar os seus conhecimentos já que, em ambas as edições, a Mondego Agrícola teve a participação de um vasto número de empresas e respetivos corpos técnicos e em segmentos tão diversos como sementes, fertilizantes, fitofarmacêuticos, bem como equipamentos agrícolas, nomeadamente tratores, alfaias (…).
Ensaios acabam por ser um dos principais atrativos
Em nome da organização, Francisco Dias, técnico da Cooperativa Agrícola de Montemor-o-Velho, recorda que a reação dos participantes na primeira edição foi muito positiva e desta vez já foram as empresas a manifestar o interesse em participar.
Sendo um feira de culturas, que acontece no contexto agrícola, os ensaios acabam por ser um dos principais atrativos. No caso do milho, e na opinião de Francisco Dias, foi a área das sementes/variedades aquela que mais tem evoluído nos últimos anos. “Hoje conseguem-se níveis de produtividade que há 20 ou 30 anos seriam impensáveis, e isso precisamente porque as variedades são cada vez mais adaptadas às características da região”.
No que se refere ao arroz, a Feira contemplou também um campo demonstrativo das principais variedades, precisamente para que os produtores pudessem contactar com as novidades e até compará-las com aquelas que já estão a ser utilizadas. Para esta cultura foi igualmente desenvolvido um ensaio de herbicidas, com a justificação de que atualmente a cultura enfrenta sérias dificuldades a nível da gestão de infestantes. “Se a presença delas é inevitável a estratégia tem de passar pela respetiva gestão para que se mantenha num nível que não prejudique a produtividade do arroz”. Esse programa de herbicidas contou com 14 modalidades, repetidas quatro vezes, de forma a que os agricultores pudessem observar as modalidades e respetivas diferenças e assim criar algum debate porque cada campo tem as suas próprias necessidades.
Na cultura da batata foi igualmente instalado um campo para gerar a possibilidade de os agricultores observarem variedades novas bem como as próprias máquinas no momento de colheita, um momento sempre suscitador de bastante interesse.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 230 (outubro 2019)