Cientistas da Escola de Química da University of New South Wales (UNSW), na Austrália, vão aplicar a nanotecnologia implementada no cancro para tornar os agroquímicos mais ecológicos e acessíveis.
No seu artigo, Cong Vu, autor principal do estudo, descreveu como os princípios da nano medicina – como alterações no tamanho, superfície e material das nanopartículas que encapsulam medicamentos contra o cancro – poderiam ser aplicados para direcionar e distribuir a entrega de agroquímicos às plantas.
“De um momento para o outro, percebi que podemos usar também as nanopartículas para encapsular pesticidas para os agricultores e não só aplicá-las ao cancro”, explicou Cong Vu, membro da UNSW.
Cong Vu e a sua equipa perceberam que o tratamento contra o cancro com o qual estavam a trabalhar, tinha propriedades semelhantes a um pesticida e, partir daí, começaram a explorar como os princípios dos projetos de nanopartículas, originalmente desenvolvidos para combater o cancro, podiam ser aplicados à agricultura.
Devido ao facto de as nanopartículas serem muito caras para a maioria dos agronegócios desenvolverem e aplicarem, Cong Vu lançou, em 2021, a startup UNSW NanoSoils Bio com o objetivo de criar nano agroquímicos mais baratos com base em insights de nano medicina.
O objetivo final passava por criar produtos que melhorem o desempenho de pesticidas e fungicidas, promovendo uma agricultura “mais limpa e sustentável”.
Além dos pesticidas, a NanoSoils também está a trabalhar num projeto para criar nanopartículas de sílica que ajudam a tornar as plantações de algodão mais resistentes à seca.
Na semana passada, a empresa registou as suas duas primeiras patentes relativas a processos concebidos para otimizar a eficiência das nanopartículas.
Justin Gooding, coautor do artigo, enfatizou a importância deste cruzamento entre nano medicina e agricultura, avançando que a nano medicina tem mais patentes e mais do dobro de publicações do que a nano agricultura.
O coautor do artigo refere ainda que os insights da nano medicina “têm, portanto, potencial para reduzir a maior barreira à inovação nos nano agroquímicos – o custo”.
E continua: “em vez de começar do zero, o Dr. Vu está a aproveitar o que já sabemos para abordar questões urgentes na agricultura e no meio ambiente”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.