A The Navigator Company registou um volume de negócios de 529,3 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 1,8% face ao trimestre anterior, que demonstra a resiliência do modelo de negócio seguido pela empresa num contexto geopolítico extraordinariamente desafiante e de significativo arrefecimento da atividade económica nos principais mercados da Navigator.
O EBITDA atingiu 115,6 milhões de euros, representando uma margem de cerca de 22%, valor que evidencia a capacidade da empresa para manter níveis de rentabilidade robustos.
O resultado líquido situou-se nos 48,3 milhões de euros, um aumento de 6,1% face ao trimestre anterior, confirmando a solidez financeira e operacional da Navigator.
Este resultado reflete também a evolução positiva da atividade comercial, a robustez do modelo de negócio e a eficácia da Navigator na adaptação ao contexto internacional de crescente instabilidade e profundo agravamento das tensões comerciais.
Tissue e packaging consolidam crescimento e já representam 30% das receitas
A ampliação do portfólio da Navigator continua a gerar resultados positivos com os segmentos de tissue e packaging a crescerem de forma consistente e a representarem já cerca de 30% da faturação total da empresa (face a cerca de 17% no mesmo período de 2024). Este desempenho destaca o acerto na expansão das linhas de negócio, que impulsiona receita e rentabilidade enquanto reduz a vulnerabilidade a oscilações assimétricas de mercado.
O valor das vendas do negócio de tissue apresentou uma redução de 3% face ao último trimestre e um crescimento de 76% em comparação com o período homólogo.
As vendas internacionais de tissue representaram 81% do volume total de vendas no primeiro trimestre de 2025, com uma diversificação geográfica mais equilibrada do que em anos anteriores, fruto das aquisições recentes em Espanha e no Reino Unido. Os principais mercados foram o inglês (36% do total de vendas), o espanhol (28%) e o francês (15%), confirmando uma crescente diversificação do risco geográfico e uma maior resiliência comercial. Por outro lado, o produto acabado representou 98% das vendas totais e as bobines 2%. No que diz respeito à estratificação por segmento de clientes, o At Home ou Consumer (retalho) tem registado um peso crescente, representando atualmente cerca de 83% das vendas, enquanto Away-From-Home (grossistas – canal Horeca e escritórios) – representam os restantes 17%.
Para este desempenho homólogo contribuiu de forma decisiva a entrada da capacidade da Navigator Tissue UK, a 1 de maio de 2024, que, para além de potenciar o crescimento de vendas, alargou a base de clientes e gerou ganhos relevantes em sinergias de integração.
Dentro do seu foco em inovação e expansão de mercado, a Navigator iniciou a pré-engenharia para a reconversão da máquina de papel PM3 na unidade de Setúbal. Este investimento tem como objetivo direcionar a produção para papéis de embalagem flexível de baixas gramagens, brancos e castanhos, tendo sido tomada a decisão final de investimento da reconversão da máquina. A aposta reforça o desenvolvimento de soluções de embalagem inovadoras e sustentáveis, sendo uma resposta eficaz à crescente procura de alternativas ao plástico e à transição para materiais biodegradáveis e recicláveis.
Ao contrário do que tem sido prática comum entre vários concorrentes, a reconversão da PM3 para a produção de papéis de embalagem foi desenhada de forma a preservar a possibilidade de retomar, sempre que necessário, a produção de papéis UWF na mesma máquina. Esta abordagem está alinhada com a gestão flexível dos ativos industriais da Navigator, permitindo uma adaptação ágil à evolução dos mercados. Trata-se da continuidade de uma política iniciada durante a pandemia, que tem vindo a demonstrar eficácia na otimização da capacidade instalada e na resposta às dinâmicas de procura nos segmentos onde a Navigator opera.
Ao incorporar novos segmentos em crescimento, como tissue e packaging, a empresa ampliou as suas fontes de receita e fortaleceu a sua posição financeira, reduzindo a exposição à ciclicidade dos preços da celulose e à maturidade da procura de papel de impressão e escrita não revestido.
Navigator investe na produção de papéis de embalagem flexível de baixas gramagens,
A sustentabilidade e a inovação são dois valores fundacionais da Navigator. Caminham e evoluem de forma interligada na estratégia da empresa, potenciando-se mutuamente. O propósito da Navigator é, novamente, um exemplo claro desta abordagem, quando a empresa assume o compromisso com a criação de valor sustentável para todos os stakeholders, “deixando às futuras gerações um planeta melhor, através de produtos e soluções sustentáveis naturais, recicláveis e biodegradáveis, que contribuem para a fixação de carbono, para a produção de oxigénio, para a proteção da biodiversidade, para a formação de solo e para o combate às alterações climáticas”.
A Navigator tem vindo a desenvolver e a investir no segmento de embalagens sustentáveis gKRAFT™, que oferece alternativas aos plásticos de origem fóssil, apoiando a transição para produtos renováveis e de baixo carbono. Nomeadamente com o lançamento da produção de peças de Celulose Moldada para substituir plásticos descartáveis no setor de embalagens alimentares, alinhado com os objetivos de sustentabilidade.
Neste sentido, no 1º trimestre de 2025 arrancou a pré-engenharia para a reconversão da máquina de papel PM3, localizada na fábrica integrada de pasta e papel de Setúbal, com o objetivo de direcionar a produção para papéis de embalagem flexível de baixas gramagens, tendo sido hoje tomada a decisão final de investimento da reconversão da máquina. Este projeto reforça a aposta estratégica da empresa em soluções de embalagem inovadoras, alinhadas com a crescente procura global por alternativas ao plástico e com a transição para materiais biodegradáveis e recicláveis. Contrariamente ao que tem sido feito por muitos concorrentes, esta reconversão da PM3 para Packaging não vai impedir, se e quando necessário, a continuação da produção de papéis UWF na mesma máquina. Potencia-se assim a continuidade da política de flexibilidade na exploração dos ativos que a Navigator tem demonstrado desde a pandemia, em função da evolução dos diferentes mercados onde opera.
A PM3 é uma máquina Valmet instalada em 1990 e com sucessivas atualizações ao longo dos anos (1997, 2003, 2007 e 2018). Com 4,55m de largura, 1.160 m/min de velocidade, a PM3 tem atualmente cerca de 180 mil toneladas de capacidade de UWF e perspetiva-se que se destacará nos papéis para embalagens flexíveis pela sua dimensão e alta competitividade, num mercado predominantemente composto por máquinas mais pequenas, muitas não integradas com a produção de celulose, mais antigas e de menor eficiência. A reconversão da unidade permitirá à Navigator diversificar e ampliar o seu portfólio de produtos sustentáveis, reforçando a sua presença no setor das embalagens flexíveis.
Esta reconversão permitirá à Navigator responder de forma ágil e eficiente às crescentes exigências do mercado de embalagem flexível, com taxas de crescimento estimadas entre 2,5% e 3% até 2035.
O mercado tem demonstrado uma forte aceitação das soluções diferenciadoras da Navigator baseadas na fibra de eucalyptus globulus, como comprovado pelo crescimento da gama gKRAFT™ e pelo bom desempenho das baixas gramagens gKRAFT™ para aplicações de embalagem flexível.
Com efeito, a Navigator continua a expandir a sua base de clientes, que no final do 1º trimestre já contava com mais de 375 clientes ativos, numa operação 100% assente em marca própria – gKRAFT™.
Gestão eficiente de custos fixos num ambiente exigente
Num trimestre marcado por forte instabilidade geopolítica, a Navigator conseguiu manter uma gestão rigorosa dos seus custos fixos totais, que ficaram em termos nominais em linha com o período homólogo, para o mesmo perímetro, isto é, excluindo a inclusão da Navigator Tissue UK.
Esta eficiência operacional, assim como a capacidade de gerir os custos fixos, têm sido fundamentais para a proteção das margens de rentabilidade da empresa, especialmente num cenário altamente desafiador. Para a Navigator, este foco traduz-se numa vantagem competitiva essencial, que contribui para a viabilidade e para o fortalecimento contínuo do negócio.
Desempenho nos segmentos de negócio
Papel UWF: as vendas de papel de impressão e escrita e papel de embalagem totalizaram mais de 325 mil toneladas no trimestre (+17% face ao trimestre anterior e -8% face ao período homólogo – que foi o melhor trimestre dos últimos nove). O valor das vendas apresentou um crescimento de 7% em relação ao último trimestre de 2024 e uma redução de 14% face ao período homólogo.
Tissue: durante o primeiro trimestre o volume de vendas de tissue da Navigator atingiu 61 mil toneladas, reduzindo 5% face ao trimestre anterior – reflexo de menores vendas de bobines e efeito da sazonalidade habitual neste período, que afeta o produto acabado –, mas apresentando um crescimento significativo de 62% em comparação com o período homólogo. O valor das vendas apresentou uma correção de 3% face ao último trimestre e um crescimento de 76% face ao período homólogo. Este crescimento reflete o sucesso da estratégia de diversificação da empresa e a crescente aceitação dos produtos Navigator neste segmento.
Packaging: o segmento de packaging apresentou um elevado crescimento, fortalecendo-se como uma área de negócio estratégica para o futuro da Navigator. A aposta em soluções sustentáveis, como alternativa aos plásticos de origem fóssil, tem sido bem recebida pelo mercado, contribuindo para o aumento das vendas neste segmento (+31% no primeiro trimestre de 2025 face ao período homólogo), que representaram 4% do volume de negócios. A política comercial dá continuidade ao esforço de entrada neste novo segmento através do alargamento da base de clientes, do desenvolvimento de novos produtos, sobretudo em baixas gramagens e com execução de um número substancial de testes no mercado (food packaging, food service, release liners, destinados a produtos como etiquetas ou adesivos; formfill, visando indústrias de enchimento, sobretudo as alimentares, através de papéis que servem às embalagens de açúcar, farinha, arroz ou massas).
Pasta: o volume de vendas de pasta foi de 100 mil toneladas (-12% face ao 4.º trimestre e -9% face ao primeiro trimestre de 2024), num trimestre onde se verificou menor disponibilidade de pasta para mercado fruto da paragem programada da fábrica de Aveiro. Apesar da volatilidade do mercado de pasta, a Navigator conseguiu manter um desempenho estável neste segmento, beneficiando da sua estrutura de custos competitiva.
Energia: no primeiro trimestre de 2025, as vendas de energia elétrica ascenderam a cerca de 31 milhões de euros, um aumento de 11% face ao trimestre anterior e uma redução de 8% em comparação com o período homólogo. A Navigator continua a investir em fontes de energia renovável, reforçando o seu compromisso com a descarbonização.
Posição financeira robusta
A Navigator mantém uma posição financeira sólida, com um rácio de dívida líquida/EBITDA de 1,25x no final do primeiro trimestre de 2025, um dos mais baixos do setor. A dívida líquida situou-se nos 660 milhões de euros (excluindo o efeito da norma IFRS16), um aumento de 43 milhões de euros face a dezembro, pese embora a distribuição antecipada de 100 milhões de dividendos no trimestre e o período de forte investimento em curso. Este valor reflete a capacidade da empresa em gerar fluxos de caixa consistentes.
A geração de cash flow livre no trimestre foi de cerca de 57 milhões de euros (vs. cerca de 26 milhões de euros no trimestre anterior e vs. cerca de 46 milhões de euros no período homólogo).
O volume de geração de cash tem-se mantido elevado, apesar do forte ciclo de investimento em curso, nomeadamente no âmbito dos projetos do Plano de Recuperação e Resiliência.
Esta solidez financeira permite à Navigator continuar a investir no crescimento do negócio e na inovação, enquanto mantém uma política de remuneração atrativa para os seus acionistas.
Resposta aos desafios do contexto atual
O primeiro trimestre de 2025 foi marcado por um contexto macroeconómico e geopolítico particularmente desafiante, caracterizado por:
- Conflitos, instabilidade e tensões comerciais em várias regiões do mundo.
- Abrandamento da economia devido à degradação do cenário internacional, com os EUA a registarem o seu pior trimestre desde 2022 com uma contração de 0,3% no primeiro trimestre de 2025.
- Volatilidade nos mercados de matérias-primas.
- Preços da energia em níveis muito elevados, com o valor médio (do OMIE-Pt) a atingir os 85,8 €/MWh no primeiro trimestre de 2025, bem acima do valor médio do período homólogo que foi de 44,4 €/MWh.
- Mercado de gás natural marcado por forte acréscimo (valor médio TTF MA de 47,8 €/MWh no primeiro trimestre de 2025, bastante acima do valor médio do período homólogo de 30,5 €/MWh).
Perante este cenário, a Navigator demonstrou uma notável capacidade de adaptação, implementando medidas para mitigar os impactos negativos e aproveitar oportunidades de mercado. A diversificação do negócio, a flexibilidade operacional e a solidez financeira têm sido fatores-chave para enfrentar estes desafios com sucesso.
No primeiro trimestre de 2025 o volume de investimentos ascendeu a € 36 milhões (vs. 90 milhões de euros no trimestre anterior e vs. 41 milhões de euros no período homólogo), dos quais cerca de 22 milhões de euros dizem respeito a investimentos em matérias ambientais ou de cariz sustentável criadoras de valor, cerca de 60% do investimento total.
A empresa tem conseguido ajustar-se rapidamente às dinâmicas do mercado, mantendo a sua competitividade e assegurando a sustentabilidade do negócio a longo prazo.
Perspetivas para 2025
A situação geopolítica e a volatilidade que lhe está associada deverá impactar os próximos trimestres, num contexto global cada vez mais instável, marcado pelo aumento do protecionismo e por crescentes tensões comerciais entre blocos económicos. Neste sentido, a fluidez da atual situação, a instabilidade criada pela imposição de taxas aduaneiras e a resposta subsequente num clima de guerra comercial tornam particularmente difícil antever a evolução da procura e dos preços nos próximos meses. A capacidade de adaptação ao novo ambiente macroeconómico será crucial para todos os agentes económicos, tendo a Navigator dado provas da sua resiliência noutros contextos difíceis de mercado.
Apesar da conjuntura global particularmente desafiante, os resultados do primeiro trimestre de 2025 demonstram a eficácia do modelo de negócio da Navigator assente numa estratégia de diversificação. A empresa continua focada na criação de valor sustentável, na inovação e na excelência operacional, mantendo o compromisso com a descarbonização, a promoção de uma economia circular, consolidando o seu papel de líder em sustentabilidade no setor.
Fonte: The Navigator Company