Os avisos são recorrentes. Ainda assim, os dados continuam a demonstrar que não há muitas melhorias. Do aumento das temperaturas aos fenómenos extremos (como as cheias ou os incêndios), o relatório europeu sobre o estado do clima é lançado no Dia da Terra – com más notícias para o planeta.
O ano de 2021 não trouxe boas notícias para o planeta Terra. O último Verão foi o mais quente de sempre nos registos da Europa – e os últimos sete anos são, por larga margem, os sete mais quentes desde que há medições. Mas não ficamos por aqui. Ao longo deste último ano, as temperaturas da água do mar continuaram a aumentar, tal como a perda de gelo.
Os dados surgem no Estado do Clima Europeu de 2021, um relatório produzido pelo Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia. O relatório publicado esta sexta-feira não traz muitas novidades face aos avisos que recebemos ao longo das últimas décadas. O aumento da temperatura – atmosférica e do mar – é acompanhado pelo crescimento das emissões de dióxido de carbono (CO2) e metano – que não sofreram alterações na sua concentração com a pandemia da covid-19.
Os dados preocupam e reflectem a necessidade de se aumentar o nosso compromisso. Quem o refere é Joana Portugal Pereira, autora líder do mais recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês): “Para estabilizar o aquecimento global em 1,5 graus Celsius até ao final do século é essencial aumentar a nossa ambição climática numa escala sem precedentes. É necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa para metade na próxima década para atingirmos uma neutralidade climática líquida até meio do século. Só assim conseguiremos abrandar os efeitos do aquecimento global.”
A Europa, onde o relatório do C3S se centra, viveu um ano de extremos. As ondas de calor, vagas de frio e cheias têm triplicado no continente europeu desde 1961, confirmando o impacto significativo das alterações climáticas ao longo dos anos – com o aumento das temperaturas desde a era pré-industrial.
O caso europeu torna-se ainda mais relevante quando observamos os últimos 30 anos anos: os valores de 2021 superam em um grau Celsius a média entre 1991 e 2020.
Gases com efeito de estufa continuam a crescer
Como já tinha sido avançado no início de 2022, os últimos sete anos foram, por larga margem, os mais quentes alguma vez registados. E embora 2021 tenha sido um dos mais frescos nestes últimos sete anos, tal deve-se ao ligeiro arrefecimento provocado pelo La Niña, um fenómeno natural oceanográfico que causa alterações abruptas nas temperaturas do ar e nos padrões de […]