Hélder Rodrigues
1. Um mosaico de actividades, base de desenvolvimento
O Estudo da FCGulbenkian salienta que “a Região Centro é um mosaico de actividades rico e diversificado; agricultura, agro-industriais, pescas e conservas, indústrias florestais, cerâmicas, materiais de construção, minérios, energias renováveis, têxtil e vestuário, cordoaria, montagem de automóveis e fabrico de componentes, construção metálica e naval, mecânica ligeira e de precisão, indústria farmacêutica, turismo.
Existe assim um bom ponto de partida para fazer da Região Centro um caso de sucesso de crescimento harmonioso, aumento de exportação, criação de emprego, repovoamento, qualidade de vida”.
2. A aposta na inovação
O estudo aposta na inovação colocada ao serviço da Região e refere vários organismos capazes de liderar e participar de forma activa num maior numero de processos de inovação em rede, muito para além daquilo que estão a fazer.
Na Região Centro existem três Universidades, de reconhecida qualidade, com Institutos, Centros e Laboratórios de Investigação, seis Institutos politécnicos públicos (Coimbra, Aveiro, Leiria, Viseu, Guarda e Castelo Branco) e muitas outras escolas de ensino superior privadas com grande potencial.
Um vasto conjunto de centros de apoio e desenvolvimento tecnológico em variados domínios (cerâmica e vidro; matérias plásticas, moldes e ferramentas; têxtil; biomassa; telecomunicações; informática, etc)
Um universo de entidades capazes de dar um contributo enorme à região, ao surgimento de novas actividades de base tecnológica, à modernização de actividades tradicionais.
3. O caso paradigmático de Coimbra e da sua Região
Perante este cenário pareceria, à primeira vista, estarem reunidas as condições para o desenvolvimento harmonioso da Região Centro.
De facto, a realidade é mais complexa. Há dificuldades em transformar competências individuais em colectivas através da constituição de redes com objectivos concretos e definidos ao serviço da população. O caso de Coimbra é paradigmático!
A UC está em muitas áreas do conhecimento na elite das universidades mundiais; o IPN é uma das melhores incubadoras do Mundo; a Critical Software, a Bluepharma, a Crioestaminal e várias outras são empresas de excelência! O Biocant Parque é um caso de excelência na biotecnologia. São factos indiscutíveis!
E todavia o volume de negócios e de exportações da Região de Coimbra são muito inferiores aos das Regiões de Aveiro e de Leiria; o Iparque tarda em se afirmar; a criação de empresas e empregos não responde às necessidades da população; os recursos humanos vão para outras paragens; o número de habitantes diminui e envelhece; a Região de Coimbra perde fulgor!
“A UC tem grandes responsabilidades no desenvolvimento da Região Centro e tem que as assumir”, disse a certa altura uma das responsáveis pelo estudo. Mas todos nós, cada a um ao seu nível e dentro da sua esfera de acção, temos responsabilidades e temos que as assumir. Será que somos uma geração que está a altura das circunstancias? Eu acredito que sim, “estamos apenas adormecidos e temos que acordar rapidamente”. Eu acredito, pois sei aquilo de que a Região e a sua generosa população são capazes!