
Vários dados estatísticos sobre os fogos florestais que nas últimas semanas afetam diversas regiões da Sibéria foram manipulados por autoridades locais, anunciou esta segunda-feira a Procuradoria-Geral da Rússia.
“Detetámos a deturpação de dados sobre a data de extinção dos incêndios. Podemos falar com certeza de manipulações em Irkutsk e noutras regiões”, disse o porta-voz do departamento de proteção ambiental da Procuradoria-Geral russa, Roman Fedosov, citado pela agência EFE.
Além das datas de extinção dos fogos, foram manipulados dados relativos aos locais dos incêndios e à distância em relação às populações mais próximas, ação que dificultou ou impediu a reação adequada dos serviços de emergência, precisou.
O responsável acrescentou que ainda estão a ser analisados os dados de Krasnoiarsk, região que, com a de Irkutsk, é uma das mais afetadas pelos fogos, assim como da Buriácia.
Fedosov disse que este tipo de incumprimento das normas ocorre “em todo o lado” e foi por isso que a Procuradoria decidiu intervir.
O porta-voz apontou outros fatores adversos ao combate aos incêndios como a burocracia e a má gestão da polícia local, apontando que desde o início do ano apenas foi aberto um processo por fogo posto, num contexto em que, assegurou, a principal causa dos fogos florestais este ano foi o “fator humano”.
Os fogos florestais que há várias semanas afetam várias zonas da Sibéria abrangem atualmente cerca de 2,4 milhões de hectares (24.000 quilómetros quadrados), segundo números divulgados hoje pelo Ministério das Situações de Emergência.
O estado de emergência foi decretado nas regiões de Irkutsk, Buriácia, Sakha e Krasnoiarsk.
Nesta última, um incêndio deflagrou hoje num armazém de munições nas imediações da aldeia de Kamenka, provocando uma série de explosões que fizeram pelo menos sete feridos e obrigaram à retirada de milhares de habitantes num raio de 20 quilómetros.
O fogo, de origem ainda não determinada, deflagrou num armazém de munições de artilharia, segundo um comunicado divulgado do governador de Krasnoiarsk, Alexandre Ouss.
“Segundo as nossas estimativas, cerca de 6.000 pessoas têm de ser retiradas”, além dos trabalhadores das instalações, que já foram retirados, afirmou o governador, que se deslocou ao local.
As explosões provocaram ferimentos em pelo menos sete pessoas, duas das quais tiveram de ser hospitalizadas, segundo a agência russa TASS.
Meios de combates a incêndios foram enviados para o local “para impedir a propagação do fogo e garantir a segurança” na zona, segundo o responsável local do Ministério das Situações de Emergência.