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– 12-03-2002 |
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Redu��o do uso de pesticidas na agricultura:
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Por�m, não foram necess�rios muitos anos para que a utiliza��o indiscriminada e, por vezes irracional de pesticidas, tornasse vis�vel os seus inconvenientes e suscitasse uma preocupa��o crescente face aos graves efeitos ecol�gicos causados: contamina��o das �guas, solos e alimentos; riscos para o Homem e animais dom�sticos devido � sua exposi��o directa ou a acidentes; danos sobre a fauna �til, com o consequente aparecimento de novas pragas por eliminação dos seus predadores naturais; perda de efic�cia dos pesticidas devida ao aparecimento de insectos resistentes, acumula��o de res�duos na cadeia alimentar, etc.
Os problemas relacionados com a utiliza��o massi�a de pesticidas, não se verificaram apenas ao nível. dos predadores naturais dos inimigos das culturas. Em Fran�a, a luta qu�mica foi apontada como respons�vel directa pela elevada morte de aves, levando � realiza��o da Conven��o Internacional para a Protec��o das Aves, assinada em Paris em Outubro de 1950. Em 1962, Raquel Carson (bi�loga norte americana) com a sua obra "Silent Spring" conseguiu cativar a aten��o dos governantes para os graves desequil�brios ecol�gicos que estavam a ser provocados pela utiliza��o em massa de pesticidas na agricultura.
Como consequ�ncia da utiliza��o indiscriminada de insecticidas organoclorados como o DDT e mais tarde de alguns organofosforados como o parati�o, no combate ao bichado da fruta, assistiu-se a um desenvolvimento intempestivo de �caros fit�fagos (caso do aranhi�o vermelho), cujas causas são atribu�das � falta de selectividade destes produtos, causando a morte dos seus inimigos naturais. Este �caro constitui um bom exemplo de uma praga induzida pelo Homem, cuja import�ncia foi aumentando de forma directamente proporcional � generaliza��o da luta qu�mica no combate aos inimigos da macieira.
Nos �ltimos anos, tem-se assistido a uma revolu��o nos meios de luta contra os inimigos das culturas. A luta biol�gica contra o aranhi�o vermelho através da utiliza��o de inimigos naturais, tem ganho cada vez mais adeptos entre investigadores, t�cnicos e produtores, pois, onde os m�todos cl�ssicos falharam, a luta biol�gica tem-se assumido como uma alternativa cred�vel e vi�vel.
O interesse suscitado recentemente pelo estudo dos �caros da fam�lia Phytoseiidae, fez desta uma das mais importantes em termos de potencialidades de utiliza��o em luta biol�gica no combate aos �caros fit�fagos. Algumas especies, bastante abundantes em todo o país, t�m sido utilizadas com sucesso em programas luta biol�gica nos pomares e vinhas e Também em culturas hort�colas e ornamentais.
Actualmente, restam poucas d�vidas sobre o papel chave que os fitose�deos desempenham na limita��o do aranhi�o vermelho em fruticultura e do aranhi�o amarelo em viticultura. Hoje, � amplamente aceite o conceito de que a diversidade faun�stica de um ecossistema agr�rio está associada com a estabilidade das popula��es de inimigos naturais presentes e que estes estáo sempre dispon�veis para travarem o crescimento populacional de especies consideradas como pragas ou inimigas das culturas.
O estudo da ac��o secund�ria dos pesticidas sobre a fauna auxiliar constitui uma etapa fundamental para a implementa��o de programas de protec��o integrada, � ao mesmo tempo, absolutamente necess�rio numa perspectiva de utiliza��o de fitose�deos em luta biol�gica.
A macieira e a vinha são culturas muito estáveis no tempo, onde a ac��o das pragas está em muitos casos, regulada de forma natural por organismos �teis. A conserva��o e potencia��o destes organismos � uma das bases tidas em linha de conta na elabora��o de programas de protec��o integrada.
A implementa��o de programas de protec��o integrada requer um conhecimento profundo dos efeitos secund�rios dos pesticidas sobre a fauna auxiliar. No entanto, h� que referir a import�ncia primordial de que se reveste a experimenta��o ao nível. regional. Isto permite definir o efeito real dos pesticidas numa determinada zona fruteira ou vit�cola, uma vez que existem diferen�as de comportamento entre popula��es de um mesmo organismo �til, em função do historial de tratamentos das culturas.
Trabalhos desenvolvidos num passado recente, indicam que em Portugal, as especies de fitose�deos associadas aos ecossistemas macieira e vinha, diferem de regi�o para regi�o, tanto em frequ�ncia e abund�ncia.
Apesar da vasta informação acerca dos efeitos secund�rios dos pesticidas sobre fitose�deos que existe a nível. mundial, o mesmo não se verifica a nível. nacional, que apesar de escassa, � por vezes, contradit�ria. Neste contexto, tem vindo a ser desenvolvida nos �ltimos anos na Escola Superior Agr�ria de Ponte de Lima, uma linha de investiga��o e experimenta��o que visa avaliar a efic�cia dos pesticidas sobre os inimigos das culturas e a sua toxidade sobre os predadores naturais de forma a contribuir para a implementa��o com sucesso das pr�ticas de protec��o integrada na regi�o.
Recentemente, foi aprovado um projecto no ambito do programa Agro (Ac��o 8.1) que visa avaliar os efeitos secund�rios dos pesticidas sobre �caros predadores da fam�lia Phytoseiidae, associados �s culturas da vinha e da macieira nas regi�es do Entre-Douro e Minho e da Beira Interior, tendo como objectivos: i) Avaliar a toxidade de campo de diversos pesticidas homologados em Protec��o Integrada, sobre as popula��es autoctones de fitose�deos, associadas aos ecossistemas macieira e vinha, nas regi�es do Entre Douro e Minho e da Beira Interior; ii) Identificar as especies de fitose�deos existentes nas regi�es e culturas onde a parte experimental vai ser desenvolvida, contribuindo desta forma para a realiza��o da cartografia das especies de fitose�deos em Portugal continental; iii) analisar regionalmente a toxidade dos diversos pesticidas nas popula��es autoctones de fitose�deos.
Este trabalho, tem uma dura��o de tr�s anos e está a ser implementado por uma equipa, constitu�da por t�cnicos e investigadores de diversas instituições públicas e privadas: Escola Superior Agr�ria de Ponte de Lima, Escola Superior Agr�ria de Castelo Branco, Direc��o Geral de Protec��o das Culturas (DGPC), Direc��o Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho (DRAEDM), Associa��o de Agricultores para a Produção Integrada de Frutos de Montanha (AAPIM), a Associa��o de Agricultores do Alto Minho (AGRESTA), Associa��o de Produtores de Uva de Vinho Verde (APUVE) e Cooperativa Agr�cola do Alto C�vado (CAVAGRI).
A implementa��o deste projecto, permitirá fornecer aos agricultores e t�cnicos das associa��es de Protec��o Integrada, bem como �s Esta��es de Avisos Agr�colas, dados importantes sobre a toxidade dos diversos pesticidas sobre os referidos auxiliares, � escala regional. Pode ainda, tornar-se um instrumento bastante �til ao nível. da tomada da decisão bem como na perspectiva da regula��o natural do aranhi�o vermelho. Por outro lado, contribuirá para o fornecimento solu��es t�cnicas, visando a produ��o de fruta e uvas de elevada qualidade, isentas de res�duos, com vista a melhorar a protec��o do ambiente e a Saúde humana. Este novo quadro de refer�ncia por parte do consumidor, come�a a encontrar algum eco junto da produ��o, cuja certifica��o de produtos agr�colas tanto em Protec��o Integrada como em Agricultura Biol�gica, são j� uma realidade.
Eng.� Agr�cola / Mestre em Horticultura, Fruticultura e Viticultura.
Coordenador do projecto.
Escola Superior Agr�ria de Ponte de Lima.
Nota: Este artigo foi elaborado no ambito do Projecto n� 317 do PO AGRO-DE&D, Ac��o 1, Media 8.
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