A região italiana de Barolo é atualmente a mais cara do mundo para a produção de vinho, cujo preço por hectare ronda os 2,8 milhões de dólares, tendo registado uma subida de preço de 5% em 2024.
A conclusão é do “The Wealth Report”, um estudo anual produzido desde 2021 pela Knight Frank, parceira em Portugal da Quintela e Penalva.
Segue-se a região de Bordéus, Margaux, em França, em que o hectare custa 1,25 milhões de dólares, tendo caído 4% no ano passado, seguida da região de Rutherford, em Napa Valley, nos Estados Unidos da América (EUA), com o preço de um hectare a custar 1,2 milhões de dólares, tendo este preço se mantido estável no ano passado, explica o relatório.
De acordo com a análise, na região de Champanhe, em França, o valor dos terrenos com vinha sempre foi “muito variável”, com as vinhas classificadas com denominações d’origine contrôlée (AOC) (AOC) e outras, como a Provença, a serem “muito populares” entre os investidores interessados no setor.
Aqui, um hectare de vinha custa, em média, 1,4 milhões de dólares por hectare, preço que já não a posiciona como a região francesa de produção de vinha mais cara, apesar de ser a quinta numa classificação mundial. À frente, tem a região de Burgundy/ Côte de Nuits, com o preço a rondar 1,9 milhões de dólares por hectare.
“Tal como Bordéus, as principais zonas produtoras de vinho tinto de Espanha, como La Rioja, estão a sofrer sobreprodução, mas existe uma distinção clara entre o mercado para as adegas e as vinhas”, lê-se na nota de imprensa.
A procura de adegas em zonas especializadas em vinho branco, como a Galiza, “está também em alta”. No entanto, a análise revelou que os preços por hectare de vinha em Espanha “estão ainda longe” dos preços praticados em Itália, França ou EUA.
No país vizinho, um hectare de vinha na região da Rioja custa em média 80 mil dólares, um preço semelhante ao de Stellenbosch, na África do Sul.
E em Portugal?
Já em Portugal, o estudo concluiu que tem havido “uma elevada procura” por quintas no Douro e na região dos vinhos verdes, sendo estas as zonas que vêm os preços das terras subir mais. No entanto, os valores por hectare “estão longe dos preços praticados nas regiões mais famosas do mundo”, enfatiza a análise.
“Dependendo da localização e do património edificado associado, o valor por hectare nestas regiões varia muito. Pode ir dos 10 mil euros aos 30 ou 40 mil euros por hectare, referiu Carlos Penalva, sócio fundador da Quintela e Penalva.
Tal como em outras regiões, o relatório indica ainda que a mitigação das alterações climáticas está a influenciar a utilização dos solos nas zonas vitivinícolas mais tradicionais de Portugal.
Que regiões do mundo estão a crescer mais?
A região do Loire, no sul da Borgonha e Beaujolais, onde o clima está a tornar-se mais propício à produção de vinho, é já considerada “uma das zonas de futuro” para a produção de vinho em França, adianta o “The Wealth Report”.
O aumento das temperaturas médias também está a fazer com que a área de vinha no Reino Unido esteja a “crescer significativamente”. Segundo o relatório, condados como Kent, no Sudeste, onde produzem predominantemente vinho espumante, e que “têm sido tradicionalmente o coração da indústria”, estão a ver os valores das vinhas noutras regiões a aumentar.
É o caso do condado de Essex, no leste do país, onde os produtores estão a fazer experiências com diferentes variedades de uvas para criar vinhos rosés e tintos, com o estudo a avançar que, nesta região, o preço por hectare de vinha ronda os 120 mil dólares, tendo subido 20% em 2024.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.