Portugal tem tratado até agora o problema da seca como uma situação de emergência, mas é preciso uma nova abordagem, defende Joaquim Poças Martins, no programa “Em Nome da Lei” da Renascença.
Portugal pode ter de enfrentar seca todos os anos, admite Joaquim Poças Martins. O antigo secretário de Estado do Ambiente e consultor internacional de gestão da água explica que há uma mudança de paradigma. Temos de nos preparar para cenários de seca muito mais frequentes.
“Estamos habituados a secas de dez em dez anos. A nova normalidade vai ser termos secas de três em três, de dois em dois, ou até anualmente. Portanto, não faz nenhum sentido continuarmos a dar as mesmas respostas, quando mudaram as perguntas”, afirma Joaquim Poças Martins, no programa “Em Nome da Lei” da Renascença.
O também secretário-geral do Conselho Nacional da Água, embora fale a título pessoal, defende que Portugal tem tratado até agora o problema da seca como uma situação de emergência, mas é preciso uma nova abordagem.
“Emergência foi o que aconteceu no terramoto de Lisboa. Não são as secas. O que nós agora temos é de viver com a normalidade possível neste contexto”, sublinha.
Municípios com desperdício de água de 80%
O especialista em gestão da água elogia a intervenção feita nos anos 90, “graças à qual a seca não chega hoje às torneiras”. Por mais escassa que seja a chuva, a água continuará a ser fornecida pela rede pública. E a este propósito, defende que “os portugueses estão sensibilizados para o problema da escassez e têm consumos razoáveis e que estão dentro da média europeia”.
É no entanto necessário continuar a combater o desperdício. Foi feito um investimento de 500 milhões de euros na renovação dos sistemas de abastecimento para dar mais qualidade à água, mas também para reduzir as fugas.
Poças Martins refere que […]