
No intuito de percebermos melhor os objetivos e requisitos da marca “Cereais do Alentejo” estivemos à conversa com o presidente da ANPOC, José Palha. Começa por elucidar que para os agricultores poderem fornecer cereal à Marca “é necessário que pertençam a uma OP associada da ANPOC, que utilizem semente certificada da Lista de Variedades Recomendadas (LVR) e que aceitem ser acompanhados e auditados pela entidade certificadora que acompanha a marca”.
Já sobre as vantagens de se estar associado à Marca, José Palha recorda que “vivemos num mundo global, em que o mercado há muito deixou de ser local”. E se outros países, com condições edafoclimáticas mais favoráveis para a produção de cereais conseguem produzir quantidade, Portugal tem a qualidade que a indústria há muito reconhece. “Queremos que o consumidor também reconheça essa qualidade” reforça o dirigente, apontando alguns objetivos desta iniciativa, como valorizar aquilo que é nosso e obter o melhor preço, oferecendo naturalmente um produto de qualidade, diferenciado e certificado. Ou seja “queremos um produto diferenciado dando valor à Confiança e Rastreabilidade (Certificação e Lista de Variedades Recomendadas), Qualidade e Naturalidade (3% menos água, sem micotoxinas; menor intensidade de fitofármacos; produto do ano); Produzido no Alentejo; Clima quente e seco e ainda respeito pelo ciclo natural (cultura de Outono/Inverno)”.
Neste momento o cereal mais relevante é o trigo mole
Neste momento o cereal mais relevante, com uma quantidade mais significativa já comercializada através de acordos com as grandes superfícies, é o trigo mole (TM) para panificação, que nesta campanha terá já contratadas 4.5MT. Segue-se o trigo duro para massas, que já teve uma edição limitada experimental, produzida pela Nacional, muito bem sucedida junto do consumidor. Em relação à cevada dística para cerveja, desenvolvem-se trabalhos com as duas grandes marcas nacionais para formalizar o fornecimento.
“Ainda em fase experimental com a Sonae, fornecemos uma pequena quantidade de triticale para panificação. Este, que até agora foi considerado como um cereal sem aptidão panificável e utilizado exclusivamente na alimentação animal, veio afinal a revelar-se um cereal com grande potencial. As expectativas são de que a utilização deste cereal seja um sucesso” (ver página 30).
A partir desta ação a expectativa é que a própria produção venha a aumentar e é convicção da ANPOC que “ao conseguir uma maior segurança no preço e uma maior estabilidade através de contratos anuais, se diminua a dependência do preço de mercado que é extremamente volátil e, assim, o interesse pela cultura aumente”.
Para ler na íntegra na Voz do Campo n.º 228 (julho 2019)