Agricultores presentes no protesto junto da fronteira de Vila Verde de Ficalho, no concelho de Serpa (Beja), com a Andaluzia espanhola desafiaram hoje “todos os partidos do arco da governação” a comprometerem-se com as suas reivindicações.
Em declarações aos jornalistas, Helena Cavaco, do Movimento Civil Agricultores de Portugal, promotor dos protestos que decorreram hoje um pouco por todo o país, afirmou que os manifestantes querem garantias dos partidos e não apenas do Governo que está em gestão.
“Estamos completamente empenhados em manter-nos aqui até que haja um compromisso por parte quer do atual Governo quer dos partidos que possam vir a formar o próximo governo com as reivindicações que estão preparadas” pelos agricultores, disse.
Os agricultores continuam “muito empenhados em continuar a mobilização”, ou seja, este “movimento que surgiu espontaneamente e que, entretanto, tem vindo a ser engrossado”.
Inclusive, acrescentou, “algumas associações do setor também já se manifestaram favoráveis às reivindicações dos agricultores porque são questões que não são de agora, mas que culminaram, depois de os agricultores terem três anos de seca consecutiva e restrições de água, com o não pagamento dos compromissos que o Governo tinha assumido” no que respeita aos ecorregimes.
Por isso, insistiu, “os principais partidos que possam vir a governar Portugal devem-se comprometer” com o que os agricultores reivindicam.
Questionada pela agência Lusa sobre se esperam uma declaração pública da parte dos partidos políticos, Helena Cavaco disse que, “eventualmente”, essa pode ser uma hipótese ou outra será “assinar um documento” com os agricultores.
“Queremos que os partidos do arco governativo nos oiçam e que assinem esse documento na nossa presença”, reiterou, afirmando que os agricultores estão “disponíveis para o diálogo” e, aí sim, poderiam desmobilizar.
A Estrada Nacional 260 (EN260) junto a Vila Verde de Ficalho, a alguns quilómetros da fronteira com Rosal de La Frontera, foi hoje cortada, por volta das 03:00, pelos agricultores, que atravessaram tratores e máquinas agrícolas na via.
Às 19:30, constatou a Lusa, a situação permanecia a mesma no local, onde é visível a presença de elementos da GNR, sem, no entanto, ter havido qualquer tipo de hostilidades ao longo do dia entre a força de segurança e os manifestantes.
O protesto, que inicialmente contou com cerca de 100 tratores e máquinas agrícolas, subiu para cerca de 180 veículos com o passar das horas, de acordo com a organização. O número de agricultores, provenientes de concelhos como Serpa, Moura, Mértola, Barrancos ou Beja, também atingiu algumas centenas, embora agora seja mais reduzido.
Os agricultores que aderiram aos protestos pelo país reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade, protestando contra cortes de ajudas comunitárias que chegaram a ser anunciados pelo Governo.