O primeiro-ministro da Hungria considera que a União Europeia (UE) está a tratar os agricultores injustamente ao implementar regras que tornam a produção mais cara, ao mesmo tempo que permite a livre entrada de produtos da Ucrânia.
“Não é justo para os agricultores europeus que, enquanto Bruxelas impõe regras que tornam a produção cada vez mais cara, permita a entrada de produtos agrícolas de países onde essas regras não se aplicam”, disse Viktor Orbán hoje em Budapeste.
O primeiro-ministro húngaro afirmou que, na quinta-feira, à margem da cimeira da UE, falou com agricultores que protestavam em Bruxelas, perto do hotel onde ficou instalado, “na sua maioria espanhóis”.
Orbán referiu que a produção dos agricultores europeus está a tornar-se cada vez mais cara e que “desta forma” não podem competir.
“Os produtos ucranianos, por exemplo, não deveriam ser autorizados a entrar”, afirmou o líder da extrema-direita húngara, que mantém uma relação tensa com a vizinha Ucrânia.
Segundo Orbán, os agricultores com quem falou em Bruxelas pediram aos responsáveis polacos, eslovacos e húngaros que bloqueassem ou impedissem o transporte de produtos ucranianos.
Orbán acrescentou que na cimeira “houve um grande debate sobre este assunto e muitos apelaram à Comissão (Europeia) para que deixasse de aplicar estas regras”.
A Comissão Europeia tenciona apresentar nas próximas semanas uma proposta destinada a reduzir os encargos administrativos dos agricultores, uma das exigências do setor.
Os agricultores de muitos países da UE, de Espanha e França à Alemanha e Roménia, protestam, contra o aumento dos custos de produção e contra os acordos de comércio livre da UE com outras regiões que oferecem preços mais baixos.
Os protestos dos agricultores mantêm-se também em Portugal.
Hoje, os acessos à Ponte Vasco da Gama, que liga Alcochete a Lisboa, estiveram condicionados no sentido Sul-Norte devido a uma concentração de agricultores nas zonas de Alcochete, Montijo e Moita, disse à Lusa fonte da Guarda Nacional Republicana.
Por outro lado, agricultores concentrados em Coimbra desde quinta-feira adotaram novas formas de protesto, designadamente buzinões e marcha lenta na Baixa da cidade.