
Em comunicado a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) manifesta a sua profunda perplexidade relativamente à notícia respeitante à eliminação da oferta de carne de vaca nas 14 cantinas alimentares da Universidade de Coimbra. Também a, APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, torna público o que chama de “veemente protesto perante o anúncio da proibição de carne de vaca nas cantinas da Universidade de Coimbra a partir de janeiro de 2020 e manifestar solidariedade a todos os criadores de bovinos em Portugal”.
No documento enviado pela CAP pode ler-se que “a invocada “emergência climática”, desígnio que a todos convoca, não deve – não pode – servir de pretexto para a tomada de decisões infundadas, baseadas em alarmismos incompreensíveis. Esta decisão, tomada num contexto universitário, espaço de liberdade e de conhecimento, ainda causa maior perplexidade.
A anunciada imposição, que privará alunos, professores e funcionários, de um elemento que faz parte da dieta alimentar portuguesa e mediterrânica, é uma limitação à sua liberdade de escolha e contribui para confundir os portugueses, porque é alarmista e assenta em pressupostos infundados”.
A Confederação refuta os argumentos usados como base da decisão, explicando que “a agricultura, onde se inclui a floresta e pecuária, é a principal atividade desenvolvida pelo Homem que mais contribui para a captura de carbono. O esforço de descarbonização faz-se com a agricultura e com os agricultores e não contra a agricultura e contra os agricultores”.
Já a Aprolep refere ser “incompreensível que o Reitor de uma universidade com setecentos anos de história queira banir um alimento com milhares de anos e que terá contribuído para o desenvolvimento do cérebro dos nossos antepassados. “Ficámos espertos porque comemos carne”, foi uma afirmação recente do respeitado patologista Sobrinho Simões, em entrevista. Não queremos um retrocesso baseado no programa de proibições de uma minoria ativista e barulhenta”.
Além disso, argumenta também, “a carne não é o principal produto das nossas vacarias, mas a venda ou engorda dos vitelos machos e das vacas após o fim da vida produtiva é um complemento fundamental, quando o preço do leite está abaixo do custo de produção. As nossas vacas são criadas com cada vez mais cuidados de bem-estar animal e alimentadas com 80% de alimentos produzidos nas terras que cultivamos. Os restantes 20% incorporam subprodutos da indústria alimentar que o ser humano não consegue digerir e que doutra forma seriam desaproveitados. O nosso trabalho é baseado na experiência de gerações e apoiado e orientado por agrónomos, zootécnicos e veterinários que estudaram nas Universidades e nos aconselham com base na investigação e na melhor evidência científica”.
Outro argumento é que “Portugal importa quase 50% da carne bovina que consome. Quem se preocupa com a pegada ecológica dos alimentos pode começar por escolher carne nacional, sem consumo de combustíveis na importação e baseada na pastagem ou cultivo de terras que de outra forma ficariam abandonadas, sendo pasto privilegiado para incêndios que, além do perigo de vida para as populações, são uma enorme libertação de carbono para a atmosfera”.