Em França, o consumo de vinho tinto diminuiu substancialmente nas últimas décadas, em favor da cerveja e de outras bebidas. A palavra de ordem é arrancar vinha. Portugal já passou pelo mesmo.
Os produtores de vinho da prestigiada região de Bordéus vão arrancar milhares de hectares de vinhas como resposta à alteração dos hábitos de consumo e ao aquecimento global – que atinge uma das jóias da coroa da indústria agrícola francesa. A decisão é surpreendente, mas as forças conjugadas do mercado e das alterações climáticas – um declínio no consumo de vinho tinto, a queda na procura da China e dificuldades em produzir vinho num ambiente cada vez mais quente – não dão margem de manobra.
O consumo de vinho tinto caiu significativamente nas últimas décadas, à medida que os bebedores franceses estão a voltar-se para outras bebidas mais refrescantes, como a cerveja, principalmente a artesanal. Enquanto as garrafas de alto padrão de Bordeaux, como grand cru, ainda encontram compradores com facilidade, a procura de vinhos tintos massificados está em queda.
Portugal já passou por isto – apesar de ter sido numa altura em que as alterações climáticas ainda não faziam mossa. O arranque de vinha foi uma prática comum há algumas décadas – para muito espanto de alguns produtores – mas revelou-se um exagero: anos mais tarde, a União Europeia, que tinha patrocinado o arranque, patrocinou novas plantações. […]