O Zimbabué vai importar 1,4 milhões de toneladas de milho de outras nações, nomeadamente do Brasil, até ao final de julho, para combater a fome exacerbada pela seca consequente do fenómeno El Niño, comunicou hoje uma associação.
“Vamos incluir o Brasil, o México, a Rússia, a Argentina e os Estados Unidos entre os nossos países de origem”, disse aos jornalistas o presidente da associação de moleiros do Zimbabué, Tafadzwa Musarara, que se reuniu hoje com o Governo em Harare, a capital.
O país africano irá assim aumentar as suas importações de milho, que desde 15 de outubro de 2023 até à data foram de 427.000 toneladas, disse Musarara.
O custo total da importação dos 1,4 milhões de toneladas de milho será de cerca de 522 milhões de euros, além dos cerca de 159 milhões de euros gastos até ao momento.
Estes fundos “provêm de bancos locais e de instituições financeiras internacionais”, disse o presidente da associação de produtores de milho.
O Zimbabué, sem litoral, terá de contar com a cooperação dos países vizinhos para as suas importações.
Os portos de Maputo e da Beira, em Moçambique, receberão carregamentos para as regiões sul e leste, respetivamente, enquanto Durban, na África do Sul, tratará da chegada de alimentos para o norte do país.
Musarara anunciou que uma delegação da associação vai reunir-se em São Paulo, no Brasil, com membros da Associação Brasileira de Exportadores de Cereais para negociar acordos de fornecimento de milho branco e amarelo e de arroz.
A associação também planeia reunir-se com fornecedores de equipamento industrial de moagem de cereais.
Em 03 de abril, o Presidente do Zimbabué, Emerson Mnangagwa, declarou o estado de catástrofe nacional devido à escassez de chuvas causada pelo fenómeno meteorológico El Nino, que provocou um défice alimentar à população.
Mnangagwa afirmou que 1,7 milhões de hectares que tinham sido plantados com milho e outros cereais foram destruídos pelo calor sem precedentes e pelas fracas chuvas.
Em consequência, 2,7 milhões de zimbabuanos necessitam de ajuda alimentar.
O El Niño é uma alteração da dinâmica atmosférica provocada por um aumento da temperatura do Oceano Pacífico.
Este fenómeno meteorológico está também a provocar chuvas torrenciais na África Oriental, que causaram centenas de mortos no Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.